COMUNIDADE COURENSE EM ANGOLA
No dia em que recebi o convite do Notícias de Coura para escrever sobre a Comunidade Courense em Angola, nem hesitei. É um orgulho escrever sobre um tema tão importante na vida de vários courenses, e na minha vida há uns belos 5 anos.
Em vários recantos do mundo, temos uma alma courense.
Em Angola, como sabem, temos uma comunidade courense diversificada, em constante mudança, e sempre atenta aos que nos rodeiam. Acolhemos de braços abertos os novos recrutas courenses, cuja realidade que conheciam acaba de mudar radicalmente e, claro, porque emigrar nunca foi fácil, e dizemos um “até já” aos nossos courenses que se despedem deste país e regressam à vila com mais sonhos, amor e música, de Portugal.
Na época 2004-2006 rumaram os primeiros courenses a Angola, à bela África, e torna-se difícil descrever por palavras o quão corajosos foram. Rumaram numa altura em que Angola pouco tinha, quando comparado com os tempos que correm. O país atravessava um período frágil marcado pela Guerra Civil que gerou uma crise humanitária desastrosa. Foram tempos difíceis, mas courense que é courense, não verga. E cá estamos nós, em 2022, emigrantes em Angola e mais fortes que nunca.
Estes courenses “mais velhos” ou “papoites”, como se diz por estas bandas angolanas, criaram a nossa famosa “Casa Courense do Lubango”, o nosso refúgio. Aqui recarregamos energias e todas as forças para aguentar as saudades de quem está à nossa espera noutro continente, a 7000km de distância. São vários os convívios e bons momentos que passamos juntos. São vários os laços e as amizades que se criam numa Casa que acolhe não só os courenses, como também gente de outras terras. Situa-se na província da Huíla, no condomínio de uma empresa courense, e da qual já ouviram falar, a “Omatapalo – Engenharia e Construção”.
Todos os dias damos o nosso melhor por esta grande empresa que nos apoia e ajuda diariamente.
Somos uma comunidade que tem vindo a crescer ao longo dos anos. Courenses de diversas faixas etárias, experiências de vida, feitios e gostos. Mas o mais importante: todos unidos. Existe uma enorme entreajuda, um carinho especial. Juntos vivemos inúmeras aventuras por estas estradas fora! Com os “papoites” ao volante – os melhores guias destas bandas – vamos descobrindo e conhecendo Angola, com cenários incríveis e, sim, outros mais angustiantes.
Nas fotografias que vos apresento podem ver courenses que já regressaram ao país de origem e outros que, como eu, por cá andam. Faltam ainda os courenses recém-chegados, e quão difícil é juntar todos num só registo!
Às famílias que por Coura ficam aguardando estes aventureiros, acreditem, por aqui estamos a cuidar uns dos outros.
Em jeito de conclusão, e porque não pretendo tornar este texto demasiado longo, só me resta terminar dizendo:
Em vários recantos do mundo temos uma alma courense.
Em Angola, tenho a sorte de ter uma família.