Como diziam os nossos avós, e bem, tudo o que é demais é defeito. Assim, desde sempre, considero tudo o que é extremo algo perigoso. Do mais simples ao mais complexo. Desde a alimentação, passando pela cultura, religião até à própria política. Vejamos: um regime alimentício demasiado rigoroso e com cortes em muitos alimentos pode, em vez de benefícios, trazer sérias complicações ao organismo de quem o faz. A falta de proteínas importantes pode resultar em graves problemas de saúde. Por outro lado, imaginemos aquelas pessoas que decidem ouvir apenas um tipo de música ou então ler apenas um tipo de livro ou até apenas um único autor. Isso resultará numa ignorância atroz e num vácuo imenso de elementos de comparação. No campo religioso, o exemplo que todos conhecemos: o fundamentalismo. E este pode passar pelo islâmico e ir até ao cristão. Neste campo, já todos vimos resultados infelizes com o 11 de Setembro de 2001 a liderar a tabela. Já no que concerne à política, a História é fértil no que os extremos podem causar. Basta recordar a Alemanha de Hitler, a Espanha de Franco, o nosso Portugal de Salazar ou então, mais no presente, a Coreia do Norte.
Extremos nunca são bons. O próprio nome justifica o porquê deste meu juízo de valor. Pelo simples facto de que são extremos. Não existe alternativa. É uma dimensão em que ou existe tudo… ou não existe nada, dependendo da ideologia política ou religiosa que é seguida. E o Brasil decidiu. Disse sim ao extremo, neste caso a direita.
Jair Bolsonaro é um homem perigoso. Se já o sabíamos, agora temos cada vez mais a certeza. Em pouco tempo após ter assumido a Presidência do Brasil, já manifestou intenções de dar livre acesso a armas a pessoas com mais de 21 anos. Já barrou a entrada de jornais e agências noticiosas logo na primeira conferência de imprensa que deu. E assim começa um novo Brasil. Uma nação que continua a ostentar na bandeira as palavras Ordem e Progresso. Não tenho dúvidas de que haverá muita ordem. Mas será que haverá progresso?
Felizmente, partidos extremistas estão ainda pouco desenvolvidos em Portugal. Pelo menos não têm conseguido cativar números significativos no eleitorado. Um dos maiores perigos veio até da direita com o chamado Partido Nacional Renovador. Ainda existe mas, felizmente, sem grande expressão. Mesmo em tempos de crise dado que, regra geral, é em tempos de crise que os extremos triunfam.
Portugal tem sido exemplar na capacidade em encontrar soluções moderadas ao longo dos tempos. Sem cair no extremo, no exagero e no desespero. Mesmo depois de quatro anos de austeridade, recorde-se, Passos Coelho voltou a vencer as eleições legislativas de 2015. O golpe de uma esquerda que se uniu roubou-lhe o lugar, mas tudo isto sem extremismos. Só e somente com criatividade política, sem ter de recorrer às pontas da régua. E assim o nosso país se tem safado daquele tipo de cenários pelos quais já passámos antes do 25 de abril de 1974 e pelos quais, certamente, não queremos nunca mais voltar a passar.
Desejo as maiores felicidades ao povo brasileiro. A toda a nação em geral. Embora não acredite, de todo, que os próximos tempos sejam fáceis para estes nossos irmãos. Muitos deles já deram entrada no nosso país. Outros vão fazer o mesmo. Saibamos acolhê-los com dignidade. E sem rótulos.