Antes de um fim-de-semana importante para o país, que se prevê chuvoso e duvidoso, antevê-se algumas mudanças. Antes de um resultado que muitos preferiam nem saber, vou tirar algumas ilações que só serão lidas por vós, caros leitores, quando essas mudanças estiverem à vista.
Apesar das sondagens desenharem possíveis cenários, as cenas ainda se mantêm em aberto. Apesar das certezas proclamadas na euforia da campanha, ainda nada parece decidido. O provável, caro leitor, é termos dois grandes partidos bem próximos um do outro. E um terceiro a caminho, contra tudo e contra todos, que irá criar problemas nas contagens e recontagens. No que toca à abstenção, essa parece-me que vai diminuir, ou talvez não, tendo em conta o aparecimento da neve nas Terras Altas. Em relação aos restantes partidos acredito que também subam um pouco, falta adivinhar se mais para a esquerda ou mais para a direita.
Talvez, caro leitor, quando estiver a ler estas previsões, se esteja a negociar uma nova gerigonça, desta vez mais a direita, ou quem sabe ao centro. As coisas não estão famosas para o lado da esquerda. No entanto, prognósticos, só no final do jogo, e com os resultados à vista. São os portugueses que vão decidir, com base na sua satisfação ou insatisfação, ou esperemos que em consciência do acto que estão prestes a praticar. Os votos nos programas apresentados não serão o suficiente. Os votos por partidarite aguda também vão estar presente. Os vários símbolos que fizeram parte da vida dos portugueses não vão deixar de influenciar. As classes, ou os grupos a alcançar, poderão ser tendencialmente encaminhados por aqueles que apresentarem a parte que lhes diz respeito com maior clareza, maiores vantagens, e sobretudo maior segurança da sua aplicabilidade. Somos normalmente e/ou naturalmente egoístas quando toca a escolher algo que pode fazer a diferença nas nossas vidas.
Não se pode nem se deve acreditar em quem vende pedaços de céu. No entanto, caro leitor, ainda há quem acredite. Temos também o chavão do sistema, e dos desprezados ou encostados, o que provoca a tendência para o antissistema. Ou a indiferença de alguns políticos, uma grande maioria, pela população e pelos seus problemas, pelo território e pelas suas características. Votamos neles para nos representarem. Depois de eleitos, nada mais interessa a não ser o poleiro que ocupam. Talvez o problema dos partidos esteja no distanciamento dos seus políticos em relação à população. Só nos dão alguma atenção nas campanhas eleitorais. Mostram-se em inaugurações e eventos temáticos. Depois de eleitos, nada mais do que isso. Porque ouvir-nos já faz parte do passado.
Nesta campanha, o que mais me irritou, caro leitor, foi o tempo gasto em guerrilhas entre as partes, ou nas constantes críticas aos adversários, os supostamente mais perigosos. Queríamos debates de ideias, mas apenas tivemos combates de fracos titãs. No final, todos passavam a mensagem da vitória segundo a versão deles. Uma real falta de respeito não apenas por nós, a quem deveriam convencer com os seus programas, mas sobretudo pela nossa capacidade de decidir. Estranhamente, na perspectiva deles, o vencido era sempre o outro. E a nossa opinião sobre isso, ou não interessava ou estava enganada. Afinal eram debates ou combates. Em campanha, um combate ajuda a revelar um perdedor, e aqueles que apenas procuram resultados. Um debate ajuda a identificar um líder, daqueles que, segundo Simon Sinek, cuidam de pessoas. Porque queiram ou não, caros políticos, são as pessoas que geram resultados, e não o contrário.
Para onde caminhamos nestas legislativas, o caro leitor me dirá quando estiver a ler estas minhas ilações. Porque, neste momento, apenas reafirmo que prognósticos, só no final do jogo, e com os resultados à vista.