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QUOTIDIANO

21 de Fevereiro de 2018 | José Augusto Pacheco
QUOTIDIANO
Opinião

 

Depois de um dia em Lisboa, apanhei o avião, pela primeira vez no horário noturno, para S. Paulo. Os oito mil quilómetros que separam as duas cidades foram galgados em nove horas e quarenta minutos.

Chegado a Guarulhos, na grande S. Paulo, tive tempo suficiente (quatro horas) para a ligação a Florianópolis

[e aqui estou com uma paisagem de aviões, no terminal 2, com o predomínio do vermelho, se bem que a GOL tenha a cor laranja, a TAM a vermelha e a AVIANCA ainda mais vermelha. Entra um avião na plataforma, da COPA AIRLINES, pintado discretamente de azul, listado de castanho, sobre um fundo branco, tal como a LATAM, numa mistura discreta de azul e cor de rosa. As cores distintivas dos aviões estão na cauda (talvez a imagem de um pavão ostentando as suas cores seja transferida para aqui!), com o predomínio da cor branca.

O aeroporto é um relógio, dirão outros, um relógio suíço, que funciona excelentemente bem se não entrar um grão de areia na sua complexa engrenagem. Como nas redes sociais, marcadas pela individualidade em função de uma uniformização que está escondida pelo código da informática, o aeroporto parece-se com um formigueiro. É um corrupio de pessoas.

Entra-se numa fila, espera-se, em silêncio, olha-se e nada se sente, a não ser que se está preso a regras que apenas se pretende que funcionem bem, para que nada se atrase. O passageiro de aeroporto é uma formiga, percorrendo longos corredores num trânsito de pessoas infernal, em velocidades sempre céleres. Porém, isso só acontece à primeira vista, porque, contrariamente a um carreiro de formigas, o aeroporto é um lugar bastante diferenciado, como a existência de um fosso bem vincado entre grupos, e cada vez mais exageradamente com a fidelização a milhas douradas, já que as de prata pouco ou nada valem].

Estive pouco tempo na “minha” cidade do Brasil.  É sempre agradável voltar, conhecendo-a quase como o meu lugar de Santa, em Coura, apesar de ter cada vez mais habitantes e de, neste mês de verão, acolher muitos turistas. Para lá das atividades profissionais, tive tempo para olhar para a mágica Lagoa da Conceição, num fim de tarde em que as luzes anunciam a noite, que a torna ainda mais sedutora. Passados dois dias, viajei outra vez para Guarulhos

[e novamente aqui estou, agora no terminal 3, um novíssimo espaço, com uma vista privilegiada para as duas pistas que se perdem no horizonte, observando a beleza da descolagem e a tremedeira da aterragem, num vaivém de aviões que se cruzam com destinos e origens diferentes]

E afinal, agora com muitos aviões à minha frente, de diferentes países, as cores que lhes dão vida não são tão monocórdicas como aquelas que descrevi atrás, ainda que os mais vistosos sejam os mais pequenos, mas isso não obriga a que papagaio tenha de ser o pássaro mais pequeno da floresta

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