Não sei muito bem o que mais recordo dos pontos naturais de observação de Paredes de Coura: se a profundidade da natureza, se a beleza das montanhas espraiadas no horizonte, se a proximidade telúrica povoada de casas.
Gostaria de ter um local único, mas não o tenho, embora goste muito do miradouro da Sr.ª da Pena, em Moselos, bem como do miradouro natural do Corno de Bico e do monte de S. Silvestre, em Venade.
Não sei, e digo-o com sinceridade, se algum deles é o meu favorito, porque os três têm paisagens diferentes, embora o mais amplo, que apenas cabe na objetiva sensível do ser humano, e o mais empolgante seja o miradouro natural de S. Silvestre.
Situando-se no coração do antigo julgado de Frayão, ao qual Coura esteve ligado administrativamente, mesmo que os restos do castelo não sejam visíveis, o monte de S. Silvestre oferece-nos, num ângulo completo, uma variedade incrível de paisagens, sobre as quais já escrevi em Tempos da Terra de Coyra.
Do miradouro da Sr.ª da Pena é o contraste de paisagens que se observa nitidamente: de um lado, o povoado concentrado, no seu habitat de serra; do outro, o povoado disperso, como se os lugares fossem pontos minúsculos de um jogo de lego cujas peças têm tonalidades diferentes de uma mesma cor: o verde.
Na paisagem protegida de Corno de Bico, a paisagem surge na sua versão desnudada, sarapintada de campos e árvores, como se fosse a aguarela de uma criança que alegre e ludicamente desperta para o mundo.
Poderia ainda falar da Cividade de Cossourado, num outro nível de paisagem, com recortes profundos de povoados e montes, e sobretudo de Santa Rita, em Romarigães.
Tenho de confessar que ainda não fui a Santa Rita, por mais que diga, sempre que passo na autoestrada, em direção a Coura, que o farei brevemente, mas esse tempo breve virou uma eternidade.
Aprecio os poemas da Marlene escritos pela inspiração desse lugar (e por que não temos neste jornal mais da sua intimista poesia, cheirando a flores primaveris e respirando a leveza humana das suas gentes?) tenho acompanhado o que tem sido escrito sobre Santa Rita, neste jornal, e nada mais.
Não posso falar, assim, deste miradouro natural, de que tanto os Romanos gostaram, quando ocuparam a Portela da Bustarenga (em S. Martinho de Coura, mas no mesmo lado da montanha), e por onde os Muçulmanos semearam lendas de encantar.