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8 de Outubro de 2024 | José Augusto Pacheco
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Opinião

O Brasil é um imenso país, de dimensão continental, que parece nunca acabar nas suas fronteiras.

Cheguei a S. Paulo (e mais uma vez via Madrid) ainda de madrugada. O meu destino não era ficar nesta megalópole, apesar de ter andado muitos quilómetros pelo seu ventre urbano, mas seguir viagem, por automóvel, até Araraquara, no interior do estado.

Foram longas horas, passando pelas cidades de Campinas (que já conhecia) e de S. Carlos (da qual já muito ouvira falar). O ar carregado de monóxido de carbono dos incêndios florestais e agrícolas adensava-se, o receio de algo mais perseguia-me e a placa da cidade de Araraquara sossegou-me.

No hotel Araucária (o nome de uma das árvores nativas do Brasil, e muito presente nesta região) urbanizei-me por umas horas, preparando também os meus papéis para o trabalho que se avizinhava.

Na UNESP fiz uma palestra no dia seguinte para um auditório de jovens da graduação e da pós-graduação, e nesse mesmo dia, já tarde avançada, um motorista da universidade falou-me da cultura de cana-de-açúcar, que pinta por inteiro a terra de verde, em sucessivas e faseadas safras, pois sentia-se um cheiro a mosto adocicado, que contrastava com o do fumo persistente dos incêndios.

Porém, a conversa foi breve, porque passada uma hora chegava a Ribeirão Preto, repetindo-se o mesmo figurino: hotel (desta vez a pousada S. Rita), universidade (desta vez a USP, tão-só a maior universidade brasileira), palestra e convívio com colegas.

Sendo sol de pouca dura, retomei viagem de carro até Franca, bem nos limites do estado, e muito próximo do estado de Minas Gerais e do estado de Goiás, para mais um ciclo de trabalho na UNESP.

Instalado no hotel Imperador – em tempos, a cidade teve como nome oficial “Franca do Imperador” –, apenas tive tempo para dormir, já que, entre universidade e conversas, nem deu para esquentar a cadeira.

Deu, no entanto, para saber mais sobre Franca, que ainda é uma região de café, por mais que a cana-de-açúcar se torne a monocultura, e das recordações que ainda mantêm, e muito bem exploradas comercialmente) do escritor e poeta João Guimarães Rosa.

No regresso a S. Paulo, com um motorista superprofissional, foram quase sete horas de carro, sobretudo devido ao trânsito infernal entre a via circundante da cidade e o aeroporto de Guarulhos.

Sim, duas horas para fazer 20 kms de circuito urbano!

Depois, os tempos de espera que fazem parte dos aeroportos, com os seus picos de ansiedade momentâneos, que logo desaparecem quando o avião descola e retoma o percurso de regresso.

Aí respira-se fundo, e parece que já estamos em casa.

 

 

 

 

 

 

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