Recuperando a viagem descrita na última crónica, na sua parte final, já dentro da imensa cidade de S. Paulo, fiquei num hotel com localização no bairro Taboão.
Nada é dito, na informação que está disponível na Internet acerca deste bairro, quanta à sua origem, ao contrário de mais bairros com o mesmo nome que existem no Brasil, tendo como denominador comum a referência ao vocábulo tábua.
Não muito longe deste bairro paulistano, junto ao aeroporto internacional de Guarulhos, existe o município de Taboão da Serra, com uma elevada densidade demográfica, e daí ser conhecido também por “formigueiro das Américas.”
São aventadas três hipóteses para a denominação de Taboão da Serra, aceitando-se apenas a dúvida para a primeira palavra, pois a segunda é explicada pela orografia.
A denominação autóctone sustenta uma das hipóteses, dado que é uma região que foi em tempos ocupada pelos Tupis, em cuja língua a palavra taba significava aldeia.
Transcrevo uma outra hipótese, com mais possibilidades de ser aceite: “É provável é que devido às pontes improvisadas de madeira que moradores da região colocavam para atravessar sobre o Rio Poá, virou uma referência da região. Com isso esses moradores, que eram pessoas extremamente pobres e analfabetas batizaram a região como Taboão.”
A hipótese que falta situa a origem em taboa, planta perene e herbácea que era facilmente encontrada na região, ainda que na língua Tupi recebesse o nome de peri.
Pelo texto oficial do município, e face às três hipóteses, a que ganha mais argumentos é a que liga taboão a taboa, planta de zonas húmidas e pantanosas, com grande procura para a cestaria, e que bem pode estar na origem toponímica de “Taboão de Coura.”
É uma hipótese bem credível que a zona conhecida como praia do Taboão tenha algo a ver com a planta taboa, também conhecida, entre outras designações, por bucha, brunho, taboinha, tabu ou tabua.
Não deixando cair a possibilidade de taboão derivar de taboa, sendo, entretanto, para mim a mais sustentável, o que nos diz o texto brasileiro sobre a origem de Taboão da Serra é algo que pode ter acontecido com “Taboão de Coura.”
É suposto que em tempos idos (anteriormente à segunda metade do século XV, pois na Carta Régia, de 27 de janeiro de 1444, há uma referência à ponte de Mantelães, afirmando-se que nessa zona funcionou a justiça, de oito em oito dias, de 1385 a 1433), tenha existido um pontão, em madeira, que servisse de ligação entre as duas margens do rio Coura, como aliás se mantém, nos dias que correm, um pontão, em pedra, que bem pode ser o sucessor, mas não necessariamente no local em que está, dessa tal passagem.
Porém, a origem de Taboão fica obrigatoriamente no domínio das hipóteses, sendo obrigatório mencioná-las, deixando para cada pessoa a escolha que considere mais concludente.