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3 de Dezembro de 2024 | José Augusto Pacheco
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Opinião

O Sanatório, e sempre assim será chamado por aqueles que o conheceram, apesar de
ter servido para outras funções, e apesar da sua atual decadência pouco digna para a
comunidade courense, foi um polo de desenvolvimento, como disse o Dr. Braz
Regueiro, um dos seus diretores clínicos, e do qual guardo gratas memórias.
Acima de tudo, porque não me cabe entrar na essência da sua natureza clínica, o
Sanatório foi o primeiro centro de emprego para as pessoas de Paredes de Coura,
depois, como é óbvio, da Courense, assim se designava a empresa de transportes,
também numa perturbante situação, se comparada com o seu brilhante passado.
Longe estavam as áreas industriais do concelho, e a emigração devastava
drasticamente as freguesias, sendo a década de 1960 a mais dolorosa, por mais que o
regime político de então entoasse hinos de glória ao amanho da terra.
Mas o tempo é essa máquina que gira sem parar, tendo um só sentido, como se o dia
de hoje nunca existisse face ao poder do amanhã.
Do lugar de Santa via-se o Sanatório no seu esplendor branco, radiante no sol matinal
e soberano na paisagem esverdeada de muitas árvores. Por isso, seria natural que
muitos santenses trabalhassem no Senatório.
Se outros houve deste lugar, fica aqui o meu desconhecimento, mas dedicaram as suas
laboriosas vidas ao Sanatório Armando Costa, Eduardo Barbosa e Alexandre Braga.
Diariamente, subiam e desciam os caminhos pouco cuidados, e maltratados pelas
intempéries de chuvosos invernos. Como tantos outros, fizeram do Sanatório um
centro de vida, desempenhando funções muito diversas, para as quais também
contribuíram algumas crianças.
O serviço do correio postal estava entregue a uma família de Santa. Era num saco, de
bege escuro, fechado num código inviolável, que uma criança, acompanhada de outras
crianças, pois ir ao Sanatório era dia de alegre festa, fazia transitar a correspondência
entre o edifício dos correios e o Sanatório, num ritual diário, de segunda a sexta-feira.
Fiz parte desse grupo de crianças, como me apraz recordar.
A viagem era um brinquedo que lhes era dado, como se fosse quase o único. Para
essas crianças o mundo era maravilhoso, sobretudo quando entravam no Sanatório, e
das mãos de compreensivas pessoas recebiam algumas guloseimas, que certamente
sobravam do pequeno-almoço ou do lanche.

 

Vejo ainda as suas cores e aprecio também os seus sabores.
Como era bom ir ao Sanatório, e poder voltar!

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