Ela espalha “Rosa Courense” pelo Mundo.
Publicada pelo “Jornal de Notícias”, a 2 de janeiro de 2020, é uma frase que espelha bem quem é Margarete Barbosa, que fez da sua licenciatura uma enorme estrada para o sucesso, reconhecido a nível internacional e tendo a capacidade de projetar a alma mais sensível e profunda de Coura, revestida de uma ternura infinita.
Como a artista a descreve na Agenda 2020 – qual obra de arte para ser apreciada e admirada ao longo de todos os dias dos doze meses! –, “Rosa Courense é a imagem de muitas mulheres da nossa terra. Mulher de garra, destemida, de amores e carinhos.
É trabalhadora, dinâmica, viva, de lutas e conquistas espelhadas num rosto sereno. Rosa Courense é filha da lavoura e ama a sua terra, essa terra que amanha. Cresceu entre campos de linho e milho de sacholas, ganchos, foucinhas, malhos e outros instrumentos, toca a vida para a frente a cantar.
Revira as terras, colhe milho, centeio, batatas, feijão, cria gado, mata o porco, faz belouras, pão e rojões.
Conhece o trabalho de campo como as linhas de suas mãos que desabrocharam nessas lides, cresceram e definiram-se com a cumplicidade da enxada e foucinha.
É mulher de sete ofícios, trata da casa, do amanhar das terras, da educação dos filhos e do seu sustento.
Rosa Courense mãe, torna-se pai, lidera tarefas de casa e do campo enquanto endireita para a vida o rancho de filhos que a cerca.
Assim se tece a sua história entre terras trabalhadas, um carro de vacas e meia dúzia de cabeças de gado.
Em tudo isto, a Rosa Courense, é amor, infinito amor!”
E acrescento eu, em resposta a um honroso convite para escrever um texto para a referida agenda:
Rosa-flor, brotando no tempo de alegria e de estações várias,
De seiva comum que resiste e corre na terra húmida de repetidas atenções.
Rosa-flor-brava, tecendo suas meiguices numa finitude inacabada de sorrisos,
Colorindo a paisagem pela força contínua das emoções.
Rosa-menina, aprendendo a estar fora da solidão de si e dos outros,
Saltando e correndo pelos caminhos e lugares por sonhos habitados.
Rosa-criança, rasgando horizontes de identidades interiorizadas pelos sentidos da vida,
Na construção lenta e ardente de uma roda viva de imaginários improváveis.
Rosa-adolescente, vivendo espaços entrelaçados em regras de transgressão,
Como girândola de identidades imperfeitas embelezando horizontes indeterminados.
Rosa-mulher, vivendo rituais informalmente assimilados e corporalmente assumidos,
Em voos audazes de aves habitando jardins pintados de cores mil.
Rosa-mãe, gerando olhares e gestos de carinho, transbordantes em rios de ternura,
Sem foz de destino, como o regaço de seu menino fosse eterno e petrificado pelo tempo.
Rosa-barro, nascida de mãos hábeis e talentosas e infinitamente aperfeiçoada,
Num carrossel de formas e existências particulares que a artista descobre e reinventa.
Rosa-arte, dando-se e abrindo-se e agitando-se em palavras de pura poesia,
Rosa Courense, de sensível alma profunda, singularizada, admirada e amada,
Em olhar que recebe de cada um de nós.