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25 de Maio de 2021 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Se há dias em que ficamos completamente satisfeitos, o dia 19 de maio de 2021 é, sem dúvida alguma, um desses dias, em que “Memórias de Josefina”, da rubianense Marlene Castro, foram tema de conversa literária, na Comunidade de Leitores, da Rede de Casas do Conhecimento.

A Casa do Conhecimento de Paredes de Coura responsabilizou-se pela iniciativa e tudo foi tão genuíno, único, mágico e incrivelmente intimista, quer nos cenários criados para a sessão presencial, quer nas agradáveis palavras que correram nos rostos de tantos participantes, física e virtualmente.

Da visavó Josefina, e de tantas outras pessoas que fazem o seu Lugar maravilhoso, a que chamou Vale da Alvura Velha, Marlene Castro recebeu a missão de escrever, na mais rítmica e empolgante poesia, o quotidiano de personagens que aí habitaram, povoando de uma contagiante e absorvente imaginação as alegres e sofridas folhas de um maravilhoso livro.

Que se lê, calma e ardentemente; que se arruma, ordeira e violentamente, em cada momento do passado que recordamos como espaço único e inolvidável; que se usa, paciente e sofregamente, como ferramenta para compreender os silêncios de tantas gerações que habitaram Coura, trazendo dentro de si estórias e mais estórias de vidas complicadas, marcadas pela infame pobreza, bem como pelos eventos de cada estação, com todos os seus rituais de trabalho, de lazer e de partilha.

Para além do texto literário que é, com toda a maestria de uma escrita que não conhece pontuação, porque nas vicentinas, e também torguianas, palavras da Marlene Castro não há outro senhor, que dite as regras, o livro é um alforje para outros estudos, de natureza antropológica, pois o passado não se repete.

Por isso, os costumes, as crendices e os dizeres das pessoas precisam de ser registados como vozes autoritárias de um tempo que requer uma visão global para ser compreendido na sua especificidade.

Marlene Castro fá-lo, assombrosamente, através de uma escrita peculiar, vestindo as roupas das personagens e dando-nos a conhecer os seus pecados, as suas ideias, os seus amores, as suas crenças, os seus caminhos e as suas casas, como quem tivesse assumido, de forma obrigatória, essa nobre missão.

E nada mais pode ser dito, porque a leitura de “Memórias de Josefina” não pode ser substituída por quaisquer outras palavras.

 

 

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