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7 de Setembro de 2021 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Onde nasce o rio Coura?

Não, não é uma pergunta de escola primária, pois foi a que tive nos meus anos de infância em Paredes de Coura, mas algo que me tem aguçado o interesse, sabendo-se que, de uma forma geral, qualquer residente no concelho dirá, e corretamente, que o rio Coura nasce neste mesmo concelho.

Nas Memórias Paroquiais (1758), lê-se que o rio Coura é formado por muitos regatos ou ribeiras e que o seu percurso começa em Coura e termina em Caminha, onde as suas águas se perdem no mar.

Para o então pároco de Bico, o rio Coura nasce nesta freguesia, sem dúvida alguma: “A maior maravilha desta terra e seu braço é os muitos rios que dela manam e alguns a pouca distância, que por serem de todo o ano e também por criarem peixe se podiam chamar rios.”  E cita os rios Cabrão (afluente do Lima), Frio (afluente do Vez), Labrujó (também afluente do Lima) e Coura, para dizer com toda a certeza: “Eu mesmo em outro tempo lhe dei o princípio no regueiro das Cebolas, no mais alto da serra, porém mais bem informado porque a água que ali nasce … não chega a juntar-se com a água da fonte do Fojo, nesta e na do Barbedo lhe dou o seu princípio.”

Já o então o pároco de Vascões não hesita em reclamar a nascente do rio para esta freguesia: “Do sul ao norte terá um quarto de légua, pouco mais ou menos, e da parte do sul tem uma pequena lagoa, a qual dá princípio ao rio de São Gonçalo. No princípio, corre ao norte por entre esta freguesia e [a] de São Pedro Fins de Parada, e por esta corre em parte algum tempo ao sul e ultimamente mais ao poente, vai morrer ao rio Coura, em o sítio chamado as Poldras do Romeiro, limites da freguesia de Cristelo.”

O então Pároco de Castanheira fala no “rio dos Cavaleiros;” o de Cossourado escreve que o rio Coura “tem o seu nascimento nas faldas das primeiras freguesias deste concelho;” o de Cristelo insiste no rio Coura com o nome de rio dos Cavaleiros, embora considere também que o rio “tem princípio na última demarcação desta freguesia a onde chamam o Barbedo e na serra do Corno de Bico em pequenas fontes e recebe em si outros ramos que vêm de outras freguesias como são [as] de Bico e Vascões.”

Por sua vez, o então pároco de Insalde fala do rio da Ponte que se junta ao rio Coura “no sítio antes da ponte da Paideira” (ou “da Peideira”, para o pároco de Moselos), dizendo o pároco de Padornelo que o rio, que passa a sul, “tem o seu nascimento na montanha dos limites da freguesia de Bico,” embora o rio Coura se forme da junção deste com o que corre a poente, com origem na “fonte do Val, na montanha da Boalhosa.”

Para o então pároco de Parada, o rio Coura forma-se em Casaldate pela junção “do rio de Reiriz, nasce em um sítio chamado Lamas, da freguesia de Vascões,” e de um outro rio, “que vem da freguesia de Bico,” escrevendo o pároco das Porreiras que um dos braços do rio Coura nasce “no sítio chamado as Lameiras,” enquanto que o pároco de Rubiães  é perentório em escrever que o rio Coura nasce “na freguesia de Parada”, “com a abundância de regueiros,” e que nele se metem “alguns regatozinhos de pouca identidade.”

Em que ficamos?

Falarei, em breve, da Lagoa da Salgueirinha.

 

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