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8 de Fevereiro de 2022 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Das eleições legislativas, realizadas a 30 de janeiro, muito tem sido escrito e muito mais ainda poderá ser dito quer a nível nacional, quer na identificação das mudanças locais, com relevo para concelhos e distritos. Sem entrar em questiúnculas partidárias, embora o meu voto não seja desconhecido para quem me conhece, façamos a análise comparativa entre o que decidiram os eleitores no concelho de Paredes de Coura, tanto nas legislativas de 2022, quanto nas autárquicas de 2021, e o que fizeram os eleitores no território português, não se sabendo, neste momento, os votos dos portugueses a residir no estrangeiro, que não alterará de forma significativa os tons da fotografia nacional.

Em termos de abstenção, nas legislativas, o resultado em Coura é de 48, 23%, mais alta que a taxa nacional (42,04%) e muito próxima da taxa autárquica (42,11%).

O partido vencedor é o PS, com maioria absoluta nacional (41,68%), maioria reforçada em Coura, quer nas legislativas (52,93%), quer nas autárquicas (65,81%).  O território de Coura, por direito próprio, pertence, assim, à mancha rosa que cobre o território português, à exceção da Madeira. Tal quer dizer que Coura perfilha ideias de uma esquerda social, comprometida com o bem-estar das pessoas, e que a aventura iliberal ou populista passa ao lado e que nunca venha.

O partido derrotado é o PPD/PSD, acompanhado do partido que é terrivelmente derrotado nestas eleições, o CDS/PP; os dois partidos têm, respetivamente, a nível nacional, 27,80% e 1,61% dos votos, com sentidos contrários em Coura, onde o PPD/PSD tem 25,76 e o CDS/PP 2,02%. Como não concorreram juntos nas legislativas, e uma vez feita a soma dos valores obtidos pelos dois partidos, a coligação PPD/PSD.CDS/PP tem em Coura 27,78% dos votos, mais do que o valor obtido nas autárquicas (20,84%) e menor do que a percentagem nacional (29,41%).

Tal poderá dizer que o PPD/PSD tem vindo a ser deslegitimado pelos eleitores, sobretudo pelas suas ideias confusas e erráticas e pelos seus candidatos sem carisma. Basta ler a imprensa minimamente isenta, na qual não se situam alguns comentadores vestidos à pressa para “botar figura” em canais televisivos, para compreender o quão calmas são as águas em que navegam aqueles que apresentam projetos credíveis e com enérgica defesa do Estado/Autarquia-social.

Por sua vez, o PCP/PEV é uma coligação que apresenta três resultados bem diferentes: nas legislativas, 4,39%, a nível nacional, e 2,69%, em Coura, bem longe do resultado obtido nas autárquicas (8,08%). Conjuntamente com o Bloco de Esquerda (BE), não aprenderam uma das regras mais básicas do eleitorado: quem deita a baixo um governo é fortemente penalizado nas urnas. Como a história faz tanta falta dentro dos partidos políticos!

Por último, o partido Chega. Não tendo concorrido, nas autárquicas de Coura, como aconteceu com o BE, o desempenho nas eleições legislativas foi melhor a nível nacional (7,15%) do que em Coura (5,12%), sendo de dizer que a democracia é, de facto, o melhor dos piores regimes, porque a todos acolhe, colocando a decisão nas mãos dos eleitores, que votam com inteira justiça.

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