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RICARDO GONÇALVES, CICLISTA POR PAIXÃO, ENFERMEIRO POR VOCAÇÃO

9 de Março de 2021 | Utilizador Independente
RICARDO GONÇALVES, CICLISTA POR PAIXÃO, ENFERMEIRO POR VOCAÇÃO
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O Ricardo Alexandre Vieira Gonçalves é natural de Formariz, filho de Sílvio Gonçalves Veiga e de Paula Vieira Veiga, tem 32 anos, vive actualmente na Ponte da Barca com a sua esposa e filha.

Enfermeiro na Unidade de Cuidados Continuados de Paredes de Coura e, além de excelente profissional, é um ser humano excepcional. Tenho o prazer de trabalhar diariamente com ele e de testemunhar a sua dedicação à profissão e a sua paixão pelo ciclismo.

O que te levou a ser enfermeiro?

A enfermagem como possível profissão apareceu na minha vida primeiro por curiosidade e depois pelo gosto de ajudar os outros.

Fala-nos um pouco do teu percurso como enfermeiro?

Em 2010 quando terminei o curso, o país atravessava uma altura complicada e era difícil encontrar emprego, surgindo assim a ideia de emigrar. França foi o destino, levava na ideia que seria por um breve período, mas passaram seis anos. Uma experiência que, sem dúvida, marcou a minha vida para sempre. Esta caminhada foi efectuada sempre na companhia da minha namorada, hoje esposa. Casámos em 2015 e fomos pais em 2016, e foi no início desse ano que regressámos a Portugal. Desde então exerço a minha profissão na Unidade de Cuidados Continuados de Paredes de Coura.

Como e quando deste as tuas primeiras pedaladas?

Comecei a pedalar em França por uma questão de saúde e perda de peso. A vida sedentária do percurso universitário levou-me a pesar 102kg. As pessoas em França vivem intensamente o ciclismo e, por culpa de um colega de trabalho, entrei neste círculo. Sempre gostei de ciclismo e sempre fui um adepto fervoroso do Tour de France. A verdadeira paixão pela modalidade surge em 2014 quando assisti pela primeira vez ao vivo à última etapa do Tour desse mesmo ano. Foram momentos inesquecíveis. Em 2015 comprei a minha primeira bicicleta e, desde então, nunca mais parei.

Quais os objectivos que pretendes atingir com esta modalidade?

O meu principal objectivo é ser melhor hoje do que aquilo que fui ontem. Sei que ainda tenho muita margem de progressão e quero tornar-me um bom ciclista Master.

De que forma geres o teu dia-a-dia?

O meu dia-a-dia é construído em função de deveres familiares e laborais. Procuro treinar entre 8 a 12 horas semanais que têm de ser bem repartidas. Se em determinado dia trabalho e a meteorologia é simpática, faço o meu treino durante a viagem. Venho dos Arcos de Valdevez para Paredes de Coura de bicicleta e volto, o que implica algum sacrifício, como acordar às 5h30. Treino em dias de folga, mas como trabalho por turnos consigo treinar de manhã ou de tarde. Se a meteorologia não for simpática, treino em casa, tenho tudo o que necessito para o fazer.

Como é que para a tua família acompanhar-te nesta tua paixão?

A família apoia esta minha paixão, afinal o que seria de mim sem alguém para aturar o meu mau humor quando as coisas correm mal ou partilhar da minha alegria quando correm bem? Acompanham as minhas aventuras de perto sempre que é possível, pois é uma alegria enorme ter alguém à minha espera quando corto a meta.

És membro da União Ciclista da Ponte da Barca, uma associação de ciclismo não profissional. Em que tipo de provas mais gostas de participar?

Este clube tem agora um ano, participamos em provas master no nosso país e em Espanha. São provas essencialmente de dois dias, normalmente ao fim-de-semana. Participámos ainda no Campeonato Nacional de Contrarrelógio e de Fundo para a categoria amadora.

Qual a prova que mais te marcou até hoje e porquê?

Sem dúvida nenhuma o Campeonato Nacional de Fundo. Uma experiência única entre os melhores ciclistas do nosso país.

Qual é o teu maior sonho enquanto ciclista?

Não tenho um maior sonho, tenho dois. Enquanto atleta de competição espero continuar a competir e sem dúvida alguma, melhorar resultados. Na vertente de lazer, o meu maior sonho é conquistar a Estrada Nacional 2, que atravessa todo o país desde Chaves até Faro, 739km feitos normalmente em 5 a 7 dias.

De que forma a pandemia veio alterar a tua vida de “enfermeiro/ciclista”?

Sem dúvida que a pandemia veio afectar a vida de todos. Para quem faz competição viu muitas provas serem anuladas em 2020. Enquanto enfermeiro e, mantendo a minha vida de ciclista, treinei com redobrada atenção e sempre sozinho. Neste início de ano, treinei muitas vezes apenas em casa.

Gostarias de te dedicar exclusivamente ao ciclismo?

Uma boa pergunta esta. Quem não gostaria de fazer tudo aquilo de que gosta? Se o ciclismo me fizesse ganhar a vida, claro que me dedicaria a 100%.

Se pudesses voltar atrás, mudarias alguma coisa no teu percurso como enfermeiro e/ou ciclista?

No meu percurso como enfermeiro não mudaria nada, tenho orgulho em tudo aquilo que fiz e conquistei até hoje. Quem sabe num futuro próximo volte ao verdadeiro meio hospitalar, começo a sentir falta disso. Como ciclista, a única coisa que mudaria seria ter começado mais cedo.

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