Rússia invade a Ucrânia

Opinião

Infelizmente, caro leitor, o que muitos não queriam que acontecesse, apesar de se adivinhar este desfecho, acabou mesmo por acontecer. Uma realidade triste, mas na minha opinião, tão verdadeira como assustadora. E na boa verdade, ainda não sabemos bem qual foi a porta que agora se abriu para nós portugueses, para nós europeus, para nós NATO.

Tenho lido ou ouvido várias versões sobre o que motivou esta guerra entre estas ex-repúblicas outrora unidas. Existe uma história, recheada com inúmeros capítulos, entre ambos os envolvidos, o invasor e o invadido. Repleta de momentos de aproximações, de uniões, de atritos e de divisões. E alguns deles recheados com pitadas ou mãos cheias de crueldade. Um passado descrito com diferentes pontos de vista. De tal forma que por vezes nos obriga a crivar a informação para não sermos demasiadamente influenciados.

No meu percurso escolar, que teve início em França e se completou em Portugal, a disciplina de História acabou por me oferecer mais do que o seu conteúdo programático. E isso, em ambos os países. Aprendi cedo que o passado baseado em factos reais e retratado por historiadores, pode explicar o presente e prever o futuro. E você, caro leitor, o que é que aprendeu com a História escrita por historiadores e contada e explicada por professores? Uma disciplina tão amada por alguns alunos e tão desprezada por outros. Mas, sem dúvida, uma disciplina imprescindível para entender o que fomos, o que somos, e o que seremos. E igualmente importante para nos ajudar a entender o que se passa à nossa volta e interpretar toda a informação que nos chega.

Os media apontam o dia 24 de Fevereiro como o início da invasão da Rússia á Ucrânia. O país que resiste e luta com bravura pela sua identidade. Sendo que esta invasão é considerada como o maior ataque militar entre dois países desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Uma consideração demasiada preocupante para todos nós, caro leitor.

Como e por quem será este acontecimento contado no futuro? A única certeza que eu tenho neste momento é que, e tendo em conta o número de mortes de civis inocentes, este acontecimento já não poderá ter um final feliz. E, caro leitor, espero sinceramente que este final não seja demasiado mau. Nem para a Ucrânia, nem para o resto do mundo.

As motivações reais para este drama podem ter fundamentos na História que envolve estes rivais que já foram amigos. Na história dos factos e acontecimentos do passado de ambas. Nos tratados assinados, e nos acordos rasgados. Nos conflitos motivados pelo afastamento da Ucrânia, mas sobretudo provocados pela sua aproximação ao Ocidente. No fim do tratado de Varsóvia e na possibilidade actual de entrada da Ucrânia na NATO.

No entanto, existirão outras histórias sobre as quais pouco ou nada sabemos. Histórias essas tão ou mais importantes do que aquelas que povoam os livros ou compêndios de História. Sem a pretensão de estar a alimentar a uma qualquer teoria da conspiração, sinto que os maus desta história não serão apenas os russos. Existirão muitos lobos vestidos com pele de cordeiro.

Vou agora contar-vos uma história que eu gostaria que fosse totalmente fictícia. Uma história de desencanto, em que uns maus atacam uns bravos. Uns bravos que outrora foram, talvez, maus. E que muitos bons ajudam com o que podem para atenuar os danos dessa atrocidade. E que, por outro lado, outros bons e maus, mas poderosos, vão fazendo o que está correcto, desviando-se do que realmente importa ser feito. E que poucos são e serão os que entram na floresta negra, porque têm medo do bicho papão.

Entristece-me toda esta situação. Envergonha-me algumas decisões tomadas. Orgulha-me a determinação e a bravura de quem luta pela sua liberdade. Emociona-me a onda de solidariedade que se criou à volta deste acontecimento. Este, mas não único, atentado contra humanidade.

E, contrariando a nossa vontade, sobretudo daqueles que não têm poder algum, a Rússia invadiu a Ucrânia. Uma história que se escreve agora, caro leitor, por todos nós, mas sobretudo por quem têm o poder nas mãos.