O final do Ensino Secundário é sem dúvida uma fase decisiva na vida de um jovem. E este momento está hoje a ser vivido pela minha e por inúmeras famílias portuguesas.
É a fase em que o percurso do estudante atinge uma das viragens mais importantes do percurso formativo. Alcança nesse momento uma panóplia de opções possíveis. A rotunda das opções! Uma rotunda enorme e muito concorrida, tendo em conta as inúmeras possibilidades de saídas a seguir. A rotunda das saídas formativas e profissionais. A rotunda à qual muitos jovens dedicam desde cedo uma grande parte do seu tempo. Para alcançá-la e poderem escolher a saída que pretendem.
Esta é com toda a certeza a meta mais ansiada pelos jovens estudantes. Ou porque iniciam o percurso académico desejado, ou porque rompem de vez com os estudos e entram com vontade no mercado de trabalho. Mas isto se “pintarmos a tela” com cores coloridas.
A infeliz verdade, caro leitor, é que o “quadro” também, e cada vez mais, se “pinta” com tons de cinzento.
São cada vez mais os jovens que escolhem percursos sem vocação, sem propósito ou sem nunca terem sequer tido contacto com a opção eleita. Escolhem-no induzidos pela sociedade e até por vezes pelos pais.
Mas também são cada vez mais os jovens que nem sequer conseguem escolher um rumo. Ou por irresponsabilidade dos mesmos, ou dos pais, ou porque simplesmente não conseguem.
A verdade de hoje, caro leitor, é que muitos desses (ainda) adolescentes conseguem identificar a maioria das profissões mas não as conseguem caracterizar. Não fazem a menor ideia de como é o dia-dia desses profissionais. E do quão difícil pode ser a vida deles. E se essa é a vida que estes jovens desejam, ou simplesmente se serão eles capazes de a viver.
O professor tem um papel importante nessa orientação. Além dos pais, o professor é um dos profissionais com o quais eles mantêm um maior e mais constante contacto nessa primeira fase do percurso estudantil. Estes serão mais do que educadores, serão exemplos como profissionais. E por isso, se podemos ser potenciais exemplos para miúdos sem rumo, que o sejamos por inteiro.
Todos temos a obrigação de mostrar a esta próxima geração o que é afinal saber ser profissional, independentemente da opção que lhe “saiu na rifa”.
Ele precisa de saber, sejam as condições de trabalho boas ou más, um bom profissional dedica tudo o que for possível, procurando estratégias adequadas, para alcançar as metas que lhe estão destinadas. Poderá executá-las com prazer, ou não, no entanto deverá ser profissional.
Mostremos que mais do que aprender com o sucesso, os insucessos também fazem parte e por vezes ensinam-nos muito mais. E que o sabor da vitória é muito mais saboroso quando o seu alcance é mais difícil. E que as pedras no caminho também fazem parte, e tornam-nos mais fortes. E sobretudo, que as nossas opções de hoje, sejam elas ambiciosas ou não, poderão ser a nossa felicidade ou infelicidade de amanhã.
Pensando que muitos jovens colocam de lado o convívio e o lazer não programado em prol de uma média que lhes possibilitará uma saída desejada e criteriosamente estipulada. Levanta-se uma questão: Será este jovem feliz amanhã? Poderá ser e já aconteceu inúmeras vezes! Mas nem sempre o final é feliz!
Nesta fase de mudança, são inúmeras as possibilidades, são inúmeras as condicionantes, e algumas ou até quase todas poderão estar inacessíveis em função do perfil conseguido pelo jovem no final desta etapa. Independentemente da vontade, do esforço, do trabalho e do percurso em si, nem sempre a “opção A” é a melhor saída.
E independentemente da opção escolhida por todos estes jovens nesta importante fase de suas vidas, o importante é que sejam felizes nas suas escolhas e sobretudo que sejam excelentes profissionais! Mais importante do que carregar um grau acadêmico ou não, é saber ser profissional.