“PODEM ESPERAR UMA EQUIPA DIGNA DO NOSSO EMBLEMA”
Rui Gonçalves regressa à casa onde já foi feliz. O treinador que já conquistou tudo o que havia para conquistar ao serviço do Castanheira, volta esta temporada a assumir o leme do futsal sénior feminino da colectividade.
Em tempo de indecisão no que respeita ao início das provas calendarizadas, em virtude da pandemia, fomos ao encontro de Rui Gonçalves numa entrevista que damos nota de seguida.
Depois de três épocas de sucesso, com a conquista de cinco títulos distritais, entre Campeonatos, Taça e Supertaça da AFVC, e um bom desempenho na Taça Nacional, que razões o motivaram a regressar a um clube que bem conhece?
Foram 3 épocas muito enriquecedoras, cresci muito durante o período que representei o Castanheira. Trabalhei com pessoas fantásticas, com as quais construí uma amizade saudável e duradoura. Para ser sincero fiquei surpreendido pelo convite, visto que estava numa “pausa” no futsal feminino. No entanto, sentir que as pessoas ligadas ao clube pretendiam o meu regresso acaba por ser um bom indicador do trabalho efectuado na minha passagem anterior.
Aceitei o convite porque apesar de considerar que fiz um bom trabalho na passagem anterior, acho que podia ter feito melhor e esse será o objectivo, fazer melhor do que foi feito.
Depois de um final de época de forma precoce, face à pandemia causada pelo Covid-19, existem muitas incertezas quanto ao arranque da nova época 2020/2021. Como analisa toda esta situação e o que espera no futuro próximo, relativamente à preparação da época desportiva?
Sem dúvida que estamos a percorrer um caminho desconhecido, não sabemos como será a nossa realidade desportiva nos próximos meses. Estamos a planear a época com um período pré-competitivo maior para tentar que todas as jogadoras estejam na melhor forma no momento do arranque dos campeonatos.
É certo que ainda paira uma grande incerteza sobre como se irá organizar a próxima época mas temos que nos preparar para todos os cenários, começar o mais rápido possível, começar mais tarde, ou na pior das hipóteses, caso a pandemia aumente de uma forma descontrolada, não haver a competição. Se esta última hipótese se vier a verificar, os danos no desporto amador serão enormes.
Como analisa o estado actual do futsal em geral, e do feminino em particular, sabendo-se que, relativamente a Viana do Castelo, os clubes têm desaparecido de forma assustadora, com a maioria das atletas a optarem pelo futebol?
Acho que o futebol feminino tem crescido muito, isso deve-se à grande aposta feita pela Federação Portuguesa de Futebol e também dos clubes da Primeira Liga. Os apoios existentes no futebol são muitos superiores aos que existem no futsal, só por aí existe logo uma grande diferença no ponto de vista financeiro. Depois a visibilidade dada ao futebol é muito maior que a do futsal. Isso faz com que vejamos muitas jogadoras, com muita qualidade, a transitar do futsal para o futebol.
Em relação a Viana do Castelo? Se não forem os campeonatos interdistritais com a A.F. Braga, o futsal vai “morrer”. Neste momento está moribundo. Não vejo, e não vi na passagem anterior pelo clube, por parte a Associação de Futebol de Viana do Castelo, qualquer iniciativa para potenciar o crescimento do futsal no distrito.
Uma das melhores cinco equipas de futsal feminino de Portugal é de Viana, o Santa Luzia, que na minha opinião tem feito um trabalho brilhante. A A.F. Viana do Castelo dever-se-ia orgulhar, pegar nesse exemplo e utilizá-lo como catalisador para fazer com que o futsal no distrito cresça e não desapareça.
O que acha que deve ser feito para trazer de volta o futsal como a modalidade de pavilhão com maior projecção?
Para que isso aconteça teria que haver uma reestruturação dos quadros da Associações de Futebol, onde o futsal fosse gerido por pessoas que realmente se interessam pela modalidade, isso só acontece em algumas associações. Depois, formar os dirigentes dos clubes para que o crescimento destes seja sustentado. E para terminar, que a FPF apoie os clubes de futsal, do ponto de vista financeiro, da mesma forma que apoia os clubes de futebol.
Qual a sua opinião sobre a criação de uma nova divisão, a segunda, nas competições nacionais femininas?
Acho que já deveria existir há bastante tempo, chegou em boa hora. Já existiam equipas que demonstravam um domínio enorme no ponto de vista distrital, mas não conseguiam o acesso à primeira divisão, por este ou aquele motivo. A grande maioria dos campeonatos distritais eram desequilibrados, sendo essas equipas as crónicas vencedoras. Agora vão poder ter um campeonato com equipas de valor similar, o que em termos competitivos será muito positivo.
A existência desta divisão vai aumentar a qualidade dos campeonatos nacionais. Só vejo aspectos positivos na criação desta divisão.
Volvidas 3 épocas, vai encontrar no clube um grupo de atletas resistentes desde a sua primeira passagem. Apesar do atraso no início dos trabalhos de pré-época, que esboço traça do leque de atletas que vai ter ao dispor para este novo desfio?
Sobre o plantel, há algumas jogadoras com as quais ainda não trabalhei, algumas já as defrontei, outras não. Isso não é problema, teremos o período pré-competitivo para nos darmos a conhecer. Com as que já trabalhei, será mais fácil regressar ao activo, já sabemos como trabalhamos e com a ajuda delas será mais fácil integrar as restantes nos métodos de trabalho.
Avaliando o plantel como um todo, penso que teremos tudo o que é necessário para alcançar os objectivos pretendidos.
Sabendo-se que é um treinador ambicioso e um verdadeiro apaixonado pelo futsal, o que podem esperar os adeptos e simpatizantes do clube para a nova época que se aproxima?
Não há muitas promessas que possamos fazer, o que exigiremos de nós nunca será menos que o máximo, em muitas situações vamos ter que ultrapassar o nosso limite máximo para sermos melhores que os adversários porque só assim estaremos mais próximos da vitória.
Os nossos adeptos podem esperar por um Castanheira na busca incessante da vitória.
Iremos lutar em todos jogos para sermos dignos de ter ao peito o símbolo do clube.