TIAGO BRANDÃO RODRIGUES, O HOMEM DE TODOS OS RECORDES
Em 2015, este jornal terá sido o primeiro a “dar” a pasta da Educação ao “nosso” Tiago Brandão Rodrigues, visto como um ministro improvável, diz “todos os ministros são improváveis. É mais provável ser jornalista ou até mesmo jogador de futebol. Quando se olha para um convite para ser ministro da República como uma coisa expectável é porque algo não está bem”.
Seis anos e dois meses depois, o ainda ministro Tiago Brandão Rodrigues, volta a encabeçar a lista socialista em Viana do Castelo e obtém 42,1%, votação recorde do partido em legislativas no distrito, de assinalar ainda o resultado “quase recorde” por ele agora conseguido no nosso concelho (52,93%), apenas suplantado pelos socialistas, em eleições legislativas, no já distante ano de 1999 (53,40%).
Tiago Brandão Rodrigues é uma espécie de CR7 da governação, de tal forma o seu, ainda curto, percurso político está associado a vários recordes.
Jovem, cientista, investigador na prestigiosa Universidade de Cambridge, sem experiência política e/ou de gestão, a sua nomeação constituiu uma das maiores surpresas do primeiro Governo de António Costa, num Ministério historicamente difícil, sobreviveria a ventos e marés e converter-se-ia no ministro da Educação há mais tempo no cargo em democracia: está à frente do Ministério há seis anos e dois meses, suplantando em quase dois anos Roberto Carneiro e Maria de Lurdes Rodrigues, que se lhe seguem. Mais, mesmo incluindo os ministros da instrução da monarquia, Tiago Brandão Rodrigues é já, em longevidade, o segundo da História de Portugal, suplantado apenas por Fernando Pires de Lima, o professor de Direito de Coimbra que num Governo de Salazar ocupou o cargo entre 1947 e 1955.
Sendo actualmente o decano dos ministros da Educação no Conselho da Europa, Tiago, o ministro da Educação mais novo de sempre (assumiu a pasta apenas com 38 anos), viu a sua titularidade à frente do Ministério da Avenida Infante Santo interrompida pelo chumbo em Assembleia do Orçamento de Estado e consequente antecipação de eleições. Quando convidado a fazer um balanço destes seis anos afirma: “Os balanços não dizem tudo, são abstractos e pouco objectivos. O que me diz muito são os princípios e os resultados. Há sempre mais a fazer do que o muito que já se fez”.
Das legislativas do passado dia 30 resultou uma, tão confortável como surpreendente, maioria absoluta. Com ela a certeza da continuidade de uma governação socialista, agora sem necessidade de negociações ou acordos partidários sejam eles pontuais ou de legislatura.
António Costa garante que o próximo Executivo será “mais curto e mais enxuto”, como uma “task force para a recuperação”, as incógnitas são muitas, incluindo a da continuidade ou não de Tiago Brandão Rodrigues, como o próprio faz questão em dizer “Alguém ser ministro da Educação é uma improbabilidade. Sê-lo durante quatro anos é uma grande improbabilidade. Durante seis anos é uma enorme improbabilidade. Mais de seis seria necessariamente uma gigantesca improbabilidade”.
“Se não está no óbvio, procure no improvável”, mais que a citação, mais que uma “frase feita”, seguindo a dica, encontramos algumas probabilidades no dito improvável, como poderão ser a continuidade do Tiago à frente do actual Ministério; a transição para o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; a fusão dos dois ministérios e a sua governação.
A comunicação social divide-se, comentadores e analistas políticos contradizem-se, há quem aponte à saída, continuidade e até reforço de poderes e responsabilidades de Tiago Brandão Rodrigues, eu, nada isento, arrisco e aponto à continuidade, reforçada pois claro, até porque o… continuar, a meu ver, implicará sempre um reforço da confiança.
A formação do novo Governo e dos ministérios só deverá ser conhecida oficialmente depois de 20 de Fevereiro, com o novo elenco ministerial a ser desenhado ao longo das próximas duas semanas.
Obrigado, Senhor Ministro, independentemente da continuidade ou não, acrescente à sua já longa lista de recordes os da gratidão e orgulho courenses.