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Viram aquele golo metido com a mão? Viram?

17 de Novembro de 2015 | Helena Ramos Fernandes
Viram aquele golo metido com a mão? Viram?
Opinião

Sou mulher. Sou benfiquista. Não domino a actualidade futebolística de um modo tão exímio como grande parte da massa masculina. Mas gosto de ver o Benfica ganhar. Fico feliz por mim e por toda a minha família que é, na sua grande parte, adepta do glorioso.

 Mas vamos imaginar o seguinte: joga-se a final da Liga dos Campeões. O Benfica vence com um golo no último minuto… marcado com a mão. Assim de forma escandalosa, mesmo. Daquelas irregularidades que toda a gente viu, menos os seis árbitros em campo.

O árbitro apita. Termina o jogo.

Os benfiquistas explodem numa alegria imensa. Os outros jogadores caem numa tristeza profunda perante uma derrota que começa a ter desde logo um adjectivo: injusta.

Nada a fazer. O Benfica levantava a taça. Era nossa.

No entanto, apesar da alegria, questiono: Será que os benfiquistas iriam sentir-se realmente orgulhosos da sua equipa após ter ganho a final da Liga dos Campeões de uma forma tão desonesta? Talvez uma pequena parte, mais fanática, pouco se importasse com isso. Mas estou crente de que a esmagadora parte dos adeptos iria adormecer nessa noite com um certo amargo de boca. Não… não foi um troféu justo. Aquela taça, que foi para a Luz, tinha nascido de um golpe manhoso. Com a mão. Colocou o Benfica no topo da Europa, mas de forma ilegítima. E eu, como benfiquista, não me sentiria bem com isso. Seria melhor até se tivéssemos perdi do esse jogo por 7-0 (como em Vigo!). Foi uma humilhação, mas ao menos houve verdade em cada um dos golos que sofremos.

Mas, para já, tudo isto não passa de ficção. Um imaginário que aqui desenhei para dar ao leitor a mesma ideia que se passa numa realidade diferente do desporto: a política.

Tal como o Benfica, a coligação Portugal à Frente também venceu um desafio no passado dia 4 de Outubro. E pronto. A partir desta linha, grande parte dos meus leitores que são simpatizantes/militantes do Partido Socialista viraram a página do jornal ou saltaram para outra janela no site. E porquê? A razão é exactamente a mesma: golo marcado com a mão.

“Os portugueses conquistaram um direito ao qual não podem nem devem renunciar. O direito a que os Governos não sejam formados pelos jogos partidários, mas que os Governos resultem da vontade expressa, maioritária, clara, inequívoca de todos e de cada um dos portugueses”. Estas palavras, caro leitor, foram ditas por António Costa há relativa mente poucos anos. E o caro leitor que como eu sabe tão bem o que se passou, deverá estar arrepiado e chocado com tamanha contradição aconteci da. Mas aconteceu.

O país, inegavelmente, viveu no passado dia 10 de Novembro um dos maiores atentados à democracia da sua história. Um assalto onde, de borracha em punho, toda a esquerda apagou “o povo é quem mais ordena” de um dos mais belos temas de Zeca Afonso. Um golpe rasteiro perpetrado por um trio que, pela calada e às escondidas, planeou o derrube do homem que retirou toda uma nação do abismo e a colocou num patamar de crescimento: Pedro Passos Coelho.

É possível que o PS chegue ao poder, sim.

É possível que consiga até concluir uma legislatura de quatro anos em conjunto com a CDU e com o Bloco de Esquerda (duvido muito, tendo em conta a diferença de matrizes doutrinárias).

Mas há algo que a partir de agora é irreversível para estas três forças partidárias: per deram a credibilidade perante os eleitores. Pelo menos nos próximos tempos.

Como se sentirá um militante socialista ao ver o seu partido pactuar com as ideias comunistas?

Como se sentirá um militante comunista ao ver a CDU de braço dado com o PS depois de Jerónimo de Sousa ter dito, antes das eleições, que “o PS não tem uma política alternativa”?

Como se sentirá um militante bloquista ao ver o BE compro metido com o PS depois de Catarina Martins ter dito, antes das eleições, que “é uma desilusão ver como o PS não aceita compromissos e mantém uma agenda de despedimentos”? Tenho pena. Muita pena mesmo.

Lamento profundamente por todos os militantes socialistas, comunistas e bloquistas do Alto Minho que nesta altura só podem sentir-se enganados e defraudados por uma liderança que mostrou claramente não pensar no país. Apenas no poder.

Lamento a perda de credibilidade. Vão passar-se muitos anos até que estas três forças se consigam ver livres de uma mancha que as vai perseguir. E tudo, ou quase tudo, fruto da ambição cega e desmedida de um homem que optou pelo jogo baixo, só para não se afogar politicamente.

Mas no meio deste massacre, há uma luz que não se apaga. Há um ponta-de-lança que ama o seu país e promete jogar por todos nós. Pedro Passos Coelho será, indubitavelmente, a luz no fundo do túnel.

E Portugal vai vencer nova mente. Com um golo limpo… e de fora da área.

Curiosidade: Disse Abraham Lincoln que “nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa para ser um mentiroso de êxito”. E isso ficou mais do que provado com o outro “senhor” que nos prometeu a todos os 150 mil empregos. Reflictam agora sobre as palavras do cronista João Miguel Tavares que há dias li no jornal Público: “Depois de António Costa ter enganado os eleitores (com uma coligação de que não se sabia), ter enganado o PSD e o CDS (com reuniões que não queria) e ter enganado o Presidente da República (com um acordo que não havia), resta uma única esperança para Portugal: que António Costa prossiga a sua admirável senda de aldrabice política e consiga no futuro próximo enganar igual mente o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista”. Bem visto!

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