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CASTANHEIRA: DANIEL BARBOSA, A PRATA DE UM AUTARCA

2 de Maio de 2019 | Albano Sousa
CASTANHEIRA: DANIEL BARBOSA, A PRATA DE UM AUTARCA
Castanheira

 

 

Cumpridas quatro décadas e meia da revolução de Abril, nada melhor do que trazer à estampa um dos rostos mais mediáticos do poder autárquico desta freguesia.

Daniel Rodrigues Barbosa, 74 anos, casado, pai de 3 filhos, oriundo do Lugar do Covelo, é figura de proa da nossa terra. Leva já 25 anos de funções autárquicas, dos quais 16 como presidente da Junta de Freguesia.

Para conhecer um pouco melhor a actividade desenvolvida, fomos ao encontro de Daniel que, com a amabilidade a que nos habituou, recebeu-nos para dar a conhecer o trajecto autárquico ao longo de todos estes anos.

Tendo emigrado para França em Fevereiro de 1969, regressou às origens em Dezembro de 1979, dedicando-se à agricultura e auxiliando a esposa na educação dos filhos.

A incursão na vida política autárquica surge em 1993, ao integrar, em segundo lugar, uma lista candidata à Assembleia de Freguesia de Castanheira, então encabeçada por Eduardo Sousa. Lembra que, depois de algumas reuniões de preparação da lista concorrente, todos insistiam para ser ele a encabeçar a lista, porém, não se achava nas condições ideias para assumir o cargo, acabando por figurar em segundo. Na altura o poder instalado estava nas mãos do PSD, tendo como timoneiro o saudoso Manuel Lima. Recorda que as coisas estavam bem encaminhadas para a vitória eleitoral, no entanto, surge o imbróglio da construção do posto de recolha de leite de Martins, ao qual o cabeça-de-lista, Eduardo Sousa, se opôs, sendo contra a sua localização. “Foi aí que perdemos as eleições”, afiança Daniel Barbosa.

Depois de cumprir um mandato na Assembleia de Freguesia, como vogal da oposição, eis que, em 1997, surge o convite da concelhia do PS, para encabeçar a lista socialista de Castanheira. Face à experiência adquirida nos 4 anos de Assembleia, decidiu aceitar o desafio, vindo a vencer as eleições, colocando um ponto final no “estado laranja” que dominava a freguesia desde Abril, só interrompido num mandato de 3 anos, presidido pelo também saudoso António Mendes da Cunha.

Vencidas as eleições em 1997, Daniel iniciou uma carreira como presidente de Junta durante 16 anos, saindo vencedor em 4 actos eleitorais. Abandonou o cargo de presidente da Junta em 2013, face à limitação de mandatos imposta por lei, mas continua ligado ao poder autárquico, agora como presidente da Assembleia de Freguesia, cargo que desempenha pelo segundo mandato consecutivo.

Ao longo da carreira politica, foram muitas a obras levadas a cabo na freguesia, destacando como mais importantes o alargamento da estrada da Pena à Igreja e a abertura da estrada da Ribas às Corredouras, obra de difícil execução e de custos avultados. Refere ainda o alargamento do cemitério paroquial, para lá de outras vias de acesso na freguesia. Hoje não existem lugares sem acesso para uma ambulância.

Tendo abandonado o cargo de consciência tranquila por ter conseguido fazer tudo o que pôde, reconhecendo que também cometeu erros, porque ninguém é perfeito e só não erra quem nada faz, saiu apenas desgostoso por não conseguir levar a cabo duas grandes ambições que tinha para a freguesia: a criação de um Centro de Dia e a casa mortuária.

Reconhece que, sendo Castanheira uma freguesia populosa, com uma grande facha etária avançada, merecia um Centro de Dia. Planeou edificar o Centro nas instalações de antiga escola primária, no entanto outros valores se levantaram, e no local surgiu uma creche. Idealizou ainda obras de reconstrução da antiga Casa da Junta, transferindo de novo a sede da autarquia para aquele edifício e adaptando a sede actual em Centro de Dia. Esta segunda alternativa também não foi possível por falta de verbas disponíveis na altura, esfumando-se assim uma das grandes ambições.

Relativamente à casa mortuária, adiantou que, na altura, já existia uma boa verba para o efeito, no entanto esbarrou sempre com divergências quanto à localização, acabando a obra por não surgir durante os mandatos como presidente.

Não procurando desvalorizar os antecessores, adiantando até que quem ocupa estes cargos procura fazer sempre o melhor, Daniel referiu que quando assumiu o cargo encontrou a freguesia um pouco abaixo do nível de outras, lembrando que, na altura, surgiu a recolha de lixo doméstico e a freguesia não tinha condições para a distribuição de contentores nem, tão pouco, rede viária para recolha do lixo. Foi necessário melhorar a rede viária, fazendo chegar o carro do lixo a todos os locais de recolha.

A relação com a oposição foi sempre salutar, existindo um espirito de respeito e cordialidade, cada um defendendo os seus pontos de vista, por vezes divergentes, mas visando o desenvolvimento da freguesia.

Não se sentindo arrependido pelo percurso autárquico, Daniel Barbosa aproveitou ainda para elogiar todas as equipas que o acompanharam nesta caminhada, destacando o bom relacionamento que sempre manteve, quer com o município, quer com os colegas das outras freguesias. Faz ainda questão de destacar o excelente relacionamento com o então presidente da Câmara, Pereira Júnior. “Foi uma pessoa sempre prestável e disponível, dando muito dinheiro a Castanheira. Estou-lhe muito grato por tudo que fez por nós”, remata Daniel Barbosa.

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