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15 de Dezembro de 2015 | José Augusto Pacheco
Quotidianos
Opinião

São 15h 30min da tarde, de tom cinzento sem chuva no horizonte, apesar das preces diárias para que tal aconteça, já que lá vão dois meses de completa secura, e olho com lentidão absoluta para a cidade de Díli.

Dos cinco dias que lá estive, totalmente preenchidos entre o Hotel Timor e a Universidade Nacional Timor Lorosa’e, numa quase repetição de tarefas, de que a vida quotidiana é feita, resta-me a satisfação de ter contribuído para que 51 timorenses, homens e mulheres de vários distritos de Timor-Leste e todos eles professores, tivessem obtido o grau de mestre, dando novo rumo às suas vidas profissionais.

Fica-me, também, a impressão de que a cidade de Díli está em acelerado progresso de desenvolvimento: novos hotéis, novos espaços comerciais, novos restaurantes. Mantém-se a amálgama do trânsito de táxis e motos, que aparece pela madrugada e desaparece logo que o sol entra pelo mar vermelho dentro, o frenesim dos comerciantes indonésios e chineses, bem como o vaivém de assessores que inundam os gabinetes do governo e órgãos afins.

E como o tempo passa rapidamente, eis que já estou em Singapura, com cinco horas de espera pela frente para o voo destinado a Frankfurt.

Já não posso ir ao centro da cidade, mas já lá estivera há uns dias atrás.

Depois de ter reservado o hotel (Broadway), apanhei um táxi, que demora cerca de 20 min., para o centro, mas desta vez escolhi um dos mais emblemáticos bairros da cidade-país: Litte India.

Instalei-me no coração do bairro, visitei os deuses dos indianos, de cores garridas e alegres, em claro contraste com o culto dos cristãos e muçulmanos, percorri as ruas cheias de comércio e observei o movimento acelerado de um bairro que tem uma identidade própria.

Escolhi um restaurante verdadeiramente indiano, sem letreiros apelativos, sentei-me e eis que começa um ritual de um verdadeiro manjar, comido no meio de pessoas simples.

Come-se à mão.

Estranho bastante. Mas quero ser indiano, ainda que sejam muitas as dificuldades.

E gosto de comer à mão esta picante e saborosa comida, pois todos os outros o fazem com naturalidade, sentindo-se culturalmente integrados.

Sou mais um entre outros, com os seus usos e costumes dentro de uma cidade cosmopolita, como é Singapura. Adapto-me e sinto-me bem, aliás essa é uma das características mais marcantes da diáspora portuguesa, desde a façanha épica das descobertas marítimas.

Regresso, pouco depois, ao hotel, deito-me cedo, porque cedo partirei para o aeroporto, onde estou agora, de regresso a casa, depois de uns dias em Timor-Leste. Falta-me o percurso de 12h30min para Frankfurt – aumentado em meia hora, porque o conflito da Síria obriga a outros cuidados de segurança – mais um tempo de espera de várias horas, e passadas 2h 30min estarei em Portugal, onde é muito bom regressar.

Um feliz Natal e um 2016 cheio de coisas boas para os leitores do Notícias de Coura.

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