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20º ANIVERSÁRIO DO NOTÍCIAS DE COURA. É O AMOR QUE NOS MANTÉM VIVOS

27 de Junho de 2023 | Gorete Rodrigues
20º ANIVERSÁRIO DO NOTÍCIAS DE COURA. É O AMOR QUE NOS MANTÉM VIVOS
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20º ANIVERSÁRIO DO NOTÍCIAS DE COURA. É O AMOR QUE NOS MANTÉM VIVOS

Não sei por onde começar. Falar de mim e dos meus é algo que me custa muito.

Faz agora 14 anos que cheguei ao jornal e tal como acontece neste artigo não sabia por onde começar nem tão pouco a quem pedir ajuda, não para escrever que isso faz o Tinoco com uma perna às costas. Falo da parte financeira, é essa que a mim me compete gerir, sobretudo essa parte.

Mas o que é facto é que já passaram estes anos todos e estamos vivos. Mas, diga-se, se ainda estamos vivos é graças à persistência do Manuel Tinoco. Houve dias em que me passou pela cabeça bater com a porta, financeiramente o jornal parecia condenado, por outro lado, as propostas de trabalho surgiam-me de vários lados, mas aqui, nesta que é a minha casa há 14 anos, o Manuel Tinoco dizia-me: “se sais, vou contigo”. E quem bem o conhece sabe que para além de escrever bem e gostar daquilo que faz, para convencer os outros é com ele!

E o que é certo é que, tal como numa família, o amor vence sempre! Sim, falo de amor porque neste momento já se trata de amor ao jornal, algo que um conjunto muito coeso de pessoas tem ajudado a manter vivo. Temos a sorte de ter um grupo de pessoas que caminha connosco desde o primeiro dia e outras que se vão juntando pelo caminho, fundadores, cooperadores, anunciantes, colaboradores, correspondentes, assinantes, leitores fiéis.

Para além da parte financeira, também há as reportagens que me têm marcado, que me marcam para a vida inteira. Muito mais do que correr Ceca e Meca para fotografar figuras públicas, marcam-me os rostos da nossa gente, ter de fotografar o rosto dos nossos conterrâneos, é o que mais gosto e mais me marca. Lembro o instante que mais me marcou, quando me desloquei a Agualonga a pedido do Sr. José Felgueiras, amigo desta casa, e encontro uma senhora cheia de alegria para viver, humilde, simpática, mas cuja mobilidade se limitava a uma cadeira de madeira, de criança, uma senhora que vivia numa casa sem acessos face ao seu grau de deficiência. Cheguei ao jornal sem palavras. O que é facto é que conseguimos ajudá-la a ter uma vida mais digna. Há mais, muito mais, mas vou-me ficar por aqui.

Sei que a imprensa regional se debate com dificuldades enormes, alguma dela corre mesmo o risco de perder a importância que sempre teve junto da sua comunidade, ou corre até risco de vida, mas não sinto que este seja o caso do Notícias de Coura. É que para além do mais, este é um jornal feito com amor, esperado pelo leitor com amor, tal qual foi um jornal criado por amor, continua a ser feito, sobretudo, de e com amor. Amor à terra, amor às nossas pessoas.

Desde os nossos anunciantes, que estão ao nosso lado, quer sejam courenses da capital ou de todo o mundo, como os Paredes de Coura, muitos deles desde a primeira hora, até aos assinantes, do país e das sete partidas do mundo, que nos chegam a comover pelo seu amor à terra e ao nosso jornal, todos nos vão garantindo a sobrevivência do jornal. As contas vão sendo pagas – e o orgulho de sentirmos vivo um jornal que que é parte importante das nossas e das vossas vidas cresce cada vez mais.

Não esqueço também todos os colaboradores do jornal, as pessoas que de quinze em quinze dias escrevem e fazem deste um dos melhores jornais regionais do país quando comparado a terras da nossa dimensão.

Por fim: é muito bom sentir o bem que fazemos a quem aguarda com amor à terra a nossa chegada como que se ao abrir a sua caixa de correio saísse um pedacinho da terra que os viu partir em tempos muito difíceis, os tempos em que o emprego escasseava. Hoje todos nos queixamos, ainda bem que há liberdade para nos queixarmos, mas a vida não é assim tão dura como quando, aos 11 anos, já se tinha de ser um adulto e deixar a terra para trás, coisa que quem o fez sabe o quanto lhe custou! Hoje, é muito bom recebê-los e ouvir contar as vossas histórias de vida!

 

 

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