JOVENS LAMENTAM FALTA DE CONDIÇÕES EM COURA. ATLETISMO COURENSE TEM CAMPEÕES OBRIGADOS A CORRER NOS ARCOS

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Mesmo o leitor menos atento ao fenómeno desportivo no nosso concelho, no caso em concreto ao atletismo, por certo já se apercebeu que existe um grupo de atletas courenses, verdadeiros campeões, a participar em provas, representando um clube de Arcos de Valdevez.

Não se tratando de uma situação estranha, o facto de não existir no nosso concelho um clube vocacionado para a modalidade, obrigou os amantes da prática do atletismo a enveredarem por outros caminhos, envergando um dorsal pouco familiarizado com as terras de Coura.

Procurando sempre divulgar o que de positivo acontece pela nossa terra, o NC tem acompanhado, de perto, o desempenho deste grupo restrito de atletas.

É com orgulho que vemos subir aos lugares mais altos do pódio, atletas como Joaquim Sá, o rosto mais forte do atletismo courense, distrital e nacional, o Carlos Barbosa, e os jovens atletas Anabela Sousa, de Parada, José Cunha, de Castanheira, Franscisco Barreiro e Diogo Lira, dois primos, oriundos de Padornelo. É este o leque de atletas que, actualmente, representa o Centro de Atletismo de Arcos de Valdevez. Enquanto os dois primeiros são conceituados atletas da categoria de veteranos, já a Anabela e o José Cunha, pertencem ao escalão de Juvenis, enquanto o Diogo é Iniciado e o Francisco ainda Infantil. Lembram ainda o Tiago Nogueira que, por razões profissionais, foi obrigado, recentemente, a deixar o grupo e o clube.

Habituados a ver estes briosos atletas courenses nos lugares cimeiros do pódio, quer em provas de estrada, quer em provas de pista e corta-mato, fomos ao encontro dos atletas mais novos, procurando conhecer um pouco melhor a realidade do dia-a-dia, enquanto atletas de uma modalidade individual, e ainda longe dos holofotes conseguidos por outros desportos.

Ficámos então a saber que, apesar de representarem um clube arcuense, o grupo treina sempre por terras de Coura, sob a orientação técnica do Joaquim Sá que, mais que um treinador, é um verdadeiro pai para eles dentro da modalidade. É o verdadeiro mentor deste projecto, com os jovens atletas a lamentarem não serem acolhidos por nenhum clube de Paredes de Coura, depois da existência do atletismo nos Bombeiros Voluntários e, mais recentemente, no Clube de Natação e Cultura.

Lamentam ainda a falta de condições de treino no nosso concelho. Com treinos às terças e quintas, sempre depois das aulas e do horário laboral, e nas manhãs de domingo, sempre que não há provas, os jovens atletas aventuram-se pelas estradas da nossa urbe, com os perigos daí inerentes, mais ainda agora, que chegou o período de Inverno, onde as condições de visibilidade são muito precárias. Reivindicam, por isso, a criação de uma ecovia, onde poderiam treinar em segurança e que, para lá dos treinos de atletismo, seria também útil para caminhadas e passeios de bicicleta. Por outro lado, seria excelente disporem de balneários, onde se pudessem equipar antes dos treinos e onde tivessem acesso a banhos no final, não sendo obrigados a irem até casa com os equipamentos molhados, nomeadamente agora que chegaram os rigores do Inverno.

Num cenário de muitas dificuldades, quer ao nível de treinos, quer ao nível de provas, os jovens atletas vincaram um forte gosto pela modalidade, e só esse gosto e essa paixão fazem deles uns verdadeiros campeões. É necessária muita força interior para praticar atletismo numas condições muito precárias, embora não escondam que, um dia, possam ser acolhidos por um clube de Paredes de Coura, disponível para abraçar a modalidade e capaz de captar novos talentos e novos campeões.

Aproveitaram o ensejo para deixar uma mensagem de carinho e apreço ao treinador, Joaquim Sá, o verdadeiro ídolo de todos eles e principal responsável por este grupo restrito não atirar a toalha ao chão.