Um bom ano para todos, caros leitores! Espero que concretizem a lista dos doze desejos que as passas ingeridas formalizaram, nos segundos antes da passagem para o ano de 2024. Suponho que esta não tenha sido fácil de fechar para os indecisos e para aqueles que tudo querem. Tendo sido, com certeza, bem mais fácil para aqueles que sabem o significado de suficiente. Segundo Lao Tsé, “…com a suficiência de quem sabe que é suficiente, terá sempre o suficiente.”.
Parece-me, caro leitor, que neste actual contexto político, e nas listas apresentadas para que vem por aí, o suficiente deu lugar ao exagero. Exagero no ‘déjà vu’, ou, mais do mesmo, e no salve-se quem (ainda) puder. Exagero no ´carneirismo`, não apontando nenhum rebanho em especial, em prol da manutenção ou obtenção do lugar ansiado ou prometido. Exagero no número de paraquedistas impingidos e que vão caindo onde os deixam pousar. Continuamos a ter estruturas demasiado mansas e obedientes. E distritos que distinguem os concelhos pelos números. O que seria dos deputados europeus portugueses se a Europa funcionasse assim? Dos vários círculos eleitorais saíram as listas candidatas ao hemiciclo. Consta-se por aqui e por ali que estas foram bem difíceis de fechar. Os cabeças-de-lista foram decididos ou aceites em Lisboa, os restantes, os que supostamente dão o peito às balas por uma causa, muitas vezes perdida, já puderam ser escolhidos pelas estruturas políticas dos círculos em causa. Segundo Lao Tsé, “A excelência de um governo não se julga por sua ordem.”.
As listas já cá cantam, com alguns percalços e algumas quedas pelo caminho. Apresentam algumas surpresas boas e más, algumas lapas, algumas perdas desejadas e outras de lamentar. Mas todas estas listas resultaram da aceitação ou da recusa do escolhido. Sim porque quem não foi convidado, nem se quer teve opção de escolha. Vamos ouvindo muita retórica para justificar isto ou aquilo em relação à construção dessas listas, às saídas, às entradas, e até mesmo às trocas entre elas. Palpitam-se motivos, atiram-se mentiras e escondem-se verdades. Segundo Lao Tsé, “Aquele que sabe não fala; aquele que fala não sabe.”.
Confesso, caro leitor, que num momento entre amigos, apostei um nome para a cabeça de uma das listas para o círculo de Viana do Castelo. Isto porque para mim fazia sentido que assim fosse, por vários motivos que não vou aqui expor. Mas não aconteceu e perdi a aposta. Com isto ficou reforçada, para mim, uma entrelinha a ter em conta. Na política nem sempre o que é obvio é certo, e nem sempre o que é desejado é possível. Tudo isto por diferentes razões, umas associadas ao poder e hierarquias, outras ao dinheiro e prioridades. Razões por vezes motivadas pelo receio e fraqueza, ou, e esperemos que a maioria das vezes, pela sabedoria e assertividade. Por tudo isso alguns nomes mantiveram-se fora dessas listas. Segundo Lao Tsé, “O homem sábio rejeita o excesso, rejeita a prodigalidade, rejeita a grandeza.”.
Rejeitar convites tornou-se ultimamente, uma atitude recorrente. Os motivos, caro leitor, para tal serão vários. Acontecem quando a razão se sobrepõe à vontade, ou quando a orientação do candidato não se compatibiliza com o fim apresentado. Ou simplesmente porque não se detém a disponibilidade para o cargo. São tantos os motivos que originam recusas. Aceitar um convite deste género, parece carecer de algum cuidado especial, e deve ser ponderado de forma cautelosa e criteriosa. Os acontecimentos que têm assombrado o universo político, quase sempre associados ao anonimato, mostram que este tem demasiadas zonas de areias movediças, accionadas por pegadas por vezes mal desenhadas. Segundo Lao Tsé, “A boa caminhada não deixa rastos ou pegadas.”.
As surpresas foram algumas, tanto a nível nacional como distrital. Mas no que toca a agricultura, que tem sido um tema demasiadamente preocupante, temos uma boa notícia nos cabeça-de-lista escolhidos para o círculo de Santarém. E dirá o caro leitor, “e nós, com isso?”. Nós, tudo, caro leitor! Não só porque este sector nos alimenta, mas sobretudo porque os aumentos consecutivos dos preços dos bens alimentares põem em causa a qualidade de vida de todos os portugueses. É imprescindível que sejam escolhidos políticos competentes nesta área. E Santarém fez isso em pelo menos duas listas. Eu acredito, caro leitor, que destas sairá o próximo ministro da Agricultura. Sou tendenciosa numa delas, não só porque conheço dois dos elementos que a compõem, mas também porque estes alistados sabem bastante desta poda, ao contrário da outra senhora, que azedou o vinho e não só. Um deles, foi meu colega de curso e de profissão, um homem com vasto currículo político, um candidato com bagagem e competência nesta área. O outro, foi o presidente da maior Confederação de Agricultores de Portugal. Liderou recentemente a luta de todos os agricultores portugueses. Um homem ponderado e muito assertivo que conhece demasiadamente bem o actual mundo agrícola. Acredito, caro leitor, e por conhecimento de causa, que se estes não forem oposição, serão a salvação desta pasta que tem sido tão maltratada. E do Ministério da Agricultura que, além de perder a credibilidade cá dentro e lá fora, perdeu a total confiança dos agricultores portugueses. Sou vianense com chieira pelas nossas terras e pelas nossas gentes, mas se estivesse em Santarém também votaria com chieira numa das listas apresentadas. Por mim, e se o meu vote fosse decisivo, essa lista sairia vencedora em Santarém. Segundo Lao Tsé, “Quem mantém o Caminho Ancestral poderá governar a existência presente, quem conhece o Princípio Ancestral encontrará a ordem do Caminho.”.
E para terminar estas listas, segundo Lao Tsé, importante filósofo da China Antiga, deixo esta última citação dirigida aos alistados voluntários ou não, líderes natos ou impingidos. Caros candidatos, neste contexto actual,” Cautela tanto no fim como no princípio.”. Fica a dica!