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SUBIDA DO PREÇO E ERROS NAS FACTURAS. ÁGUAS DO ALTO MINHO EM RESPOSTA À INDIGNAÇÃO DOS CONSUMIDORES

10 de Março de 2020 | Manuel Tinoco
SUBIDA DO PREÇO E ERROS NAS FACTURAS. ÁGUAS DO ALTO MINHO EM RESPOSTA À INDIGNAÇÃO DOS CONSUMIDORES
Destaque

“HOUVE LAPSOS NA FACTURAÇÃO QUE AGRAVARAM A PERCEPÇÃO DO CUSTO DA ÁGUA”

O arranque do funcionamento da nova empresa gestora de águas de sete concelhos do distrito de Viana do Castelo, incluindo Paredes de Coura, ocorreu em 1 de Janeiro deste ano.

No entanto, só após a distribuição das primeiras facturas aos consumidores, o que aconteceu recentemente, a maioria das pessoas se apercebeu da mudança. Com efeito, as famílias courenses sentiram o peso da mudança ao deitarem contas às despesas da casa. O aumento do preço da água gerou mesmo alguma polémica e indignação entre os courenses.

À nossa redacção chegaram várias queixas relacionadas com o tema. Houve mesmo quem relatasse que a sua factura tinha chegado com um aumento superior a cem por cento. Assim, tentámos obter esclarecimentos junto da empresa ADAM – Águas do Alto Minho. As perguntas que se seguem foram enviadas via-mail para a empresa, tendo o respectivo Conselho de Administração respondido da mesma forma.

 

O início da actividade das Águas do Alto Minho tem sido envolto em grande polémica, com uma elevada fasquia de consumidores a acusar um gigante aumento do preço da água. O que aconteceu?

Não há dúvida que houve aumento do preço da água, mas ele espelha as imposições regulamentares da ERSAR que obrigam as entidades gestores a reflectir o custo com a captação, tratamento da água e manutenção da rede aos consumidores finais. Não se pode actualmente falar de responsabilidade ambiental sem que o principal recurso de vida, que já começa a ser escasso, seja valorizado e poupado – é esta a intenção da entidade reguladora ao reflectir aos consumidores o custo real da água.  Não se trata, de modo algum, de lucrar com a venda de água. Por outro lado, além do aumento do preço da água, a percepção das pessoas foi agravada por lapsos indesejáveis nesta primeira factura que, embora não tenham agravado o custo, aumentaram o nível e o volume da contestação.

De que tipo de lapsos estamos a falar, foram erros nas leituras, na facturação, na medição dos consumos?

Foram lapsos formais na factura. Isto porque a criação desta parceria pública implicou o desafio de agregar, num curto espaço de tempo, sete sistemas informáticos diferentes – um de cada município – que migraram toda a informação para um único. Esta transição informática dos dados trouxe ocorrências em cerca de 1% das facturas (num universo de aproximadamente 110.000 clientes). Por exemplo, houve algumas facturas em que o campo de leitura saiu com “zero” indicado, quando deveria ter um caracter não numérico, outros em que foi indicado o número errado da entidade de pagamento, outros ainda em que o número de telefone de apoio tinha incongruência e, outros casos ainda, em que houve dificuldades de verificação de leituras.

No entanto, a situação que mais fez agravar a percepção do custo da água foi o facto de algumas facturas se reportarem a períodos de facturação de mais de 30 dias (situações em que atinge os 45 dias). Isto sucedeu porque foi necessário conjugar diferentes periodicidades (uma de cada um dos sete municípios) e encontrar um dia 0 para iniciar a facturação. Assim, houve necessidade de, excepcionalmente, alguns consumidores terem facturação relativa a 45 dias, por exemplo, o que corresponde a um custo de quase um mês e meio. Note-se que, neste caso, não há qualquer acréscimo de encargo para os consumidores uma vez que não há sobreposição de períodos de facturação. Se existirem noutras situações serão corrigidos.

Mas falando-se de lapsos, quer dizer que as pessoas ficaram prejudicadas?

Não. Ninguém ficará prejudicado, isso é uma garantia. A empresa está a verificar todas as situações que lhe estão a chegar e tem sido essencial o apoio do Municípios, em particular de Paredes de Coura, que tem procurado canalizar todas as situações que serão aparentemente anómalas. Errar é humano, mas é fundamental detectar todos os lapsos, informar as pessoas e, sendo caso disso, corrigir o que tiver de ser corrigido.

Todas estas situações implicaram uma sobrecarga do sistema de gestão de reclamações que condicionou a resposta eficiente das lojas e dos canais de comunicação. Pedimos, por isso, que todas as reclamações sejam apresentadas, preferencialmente, por e-mail.

Outra das acusações correntes é a de que a água foi vendida a privados e isso á uma traição aos interesses das pessoas.

A empresa ADAM – Águas do Alto Minho não é privada e não houve nenhuma venda a ninguém. Trata-se de uma parceria pública entre o Estado Português, através do seu ramo empresarial – Grupo Águas de Portugal e os sete Municípios. A gestão da empresa integra os Municípios – um representante dos Municípios é vogal (rotativamente) do Conselho de Administração. Era impossível que a gestão da água fosse mais pública do que é porque passou a juntar o Estado Central e os Municípios.

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