FERNANDINHA NOGUEIRA, UM ROSTO QUE COURA AMA
Nesta edição continuamos na sede do concelho, onde fomos ao encontro de uma mulher de armas, passe o belicismo da expressão Sim, porque a rubrica “Courenses que têm História” também vai à procura de mulheres que, por razões várias, se destacaram na vida comunitária do nosso concelho.
À primeira vista falar de Maria Fernanda da Gama Nogueira, 79 anos de idade, pode não avivar a memória do leitor menos atento, porém, se falarmos da Fernandinha Nogueira, salta à mente de toda a gente aquela figura simpática, simples e acessível que, décadas a fio, atendeu gerações de courenses que, pelas razões mais diversas, procuraram os serviços do nosso Centro de Saúde. Por todo o concelho é uma pessoa conhecida, querida e estimada, sempre com um sorriso aberto e uma disponibilidade total.
Oriunda de uma prole de 14 irmãos, filha do saudoso José Martins Nogueira, figura de proa do associativismo e do folclore concelhio, e de Filomena Antas Gama, nasceu, como a maioria dos irmãos, na freguesia de Cunha. Só as duas irmãs mais novas é que já nasceram na Vila, afirma a dona Fernanda.
Uma vez nascida em Cunha, foi nesta freguesia que frequentou a escola primária, embora tenha passado um ano pela escola de Vila. Aos 19 anos inicia então uma carreira profissional na área da saúde, no sector administrativo, tendo-se aposentado há cerca de 15 anos. O primeiro local de trabalho, corria então o ano de 1961, foi no Dispensário Antituberculose, a funcionar no velhinho Hospital da Calçada da Cadeia. Iniciou a carreira auferindo um vencimento de 400$00 mensais (nos dias de hoje o equivalente a 2 euros).
Entretanto, a convite do saudoso dr. Oliveira, passou a integrar o Plano Nacional de Vacinação, beneficiando de aumento salarial de 350$00, ou seja, quase o dobro do que então auferia.
Mais tarde rumou então ao Centro de Saúde onde exerceu funções até atingir a idade da aposentação. Diz-se orgulhosa de toda a carreira profissional, que lhe permitiu travar imensos conhecimentos e criar enormes amizades, um pouco por todo o concelho.
Para lá da preenchida actividade profissional, sempre arranjou tempo livre para se dedicar ao teatro e aos cânticos da igreja, quer no grupo coral da paróquia, quer no orfeão de Paredes de Coura, que teve como principal timoneiro e ensaiador o padre José Maria.
Recorda, com saudade, os tempos idos, totalmente preenchidos em favor de causa nobres e diz que adorava fazer parte do orfeão e do grupo coral. Afinal a música estava-lhe no sangue, ou não fosse o pai um apaixonado desta arte.
Hoje, aproveita o recanto do lar para disfrutar de uma merecida aposentação, sentindo alguma nostalgia por um percurso de vida do qual muito se orgulha, lamentado que a sociedade, nos dias de hoje, não preze os valores de antigamente.
Foi bom conversar com a dona Fernanda e foi gratificante trazer à estampa o rosto de uma senhora que todo o concelho reconhece.