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Caloiras e caloiros

6 de Outubro de 2021 | Helena Ramos Fernandes
Caloiras e caloiros
Opinião

Nesta última semana de Setembro, enquanto uma grande parte das famílias portuguesas voltaram à sua rotina diária do casa-escola-trabalho, eu e muitos outros pais deste país vimos os nossos filhos a dar mais um passo em direcção ao futuro. Um futuro repleto de sonhos. E de ilusões também. Um novo rumo que começa para eles, e para alguns bem longe da família e dos amigos. Novas histórias e amizades surgirão no meio da ansiedade face ao desconhecido. Estes iniciam agora a sua vida acadêmica planeada com certezas e muitas incertezas.

Para uma grande parte, as certezas continuam a ser muitas. Para uma outra, as incertezas vão-esvoaçando enquanto seguem em frente rumo ao que chamam de destino. E outra parte ainda, mudará esse rumo de forma consciente ou por via do acaso logo no seu início, para um destino diferente. Qual das partes a melhor, caro leitor? Eu não sei, e talvez ninguém saiba.

Estes jovens acabam de virar a página da secundária e a respectiva luta pela bendita ou maldita média final. Havendo sempre aqueles que consciente ou inconscientemente se desviaram ou se mantiveram alheios a essa luta renhida. Uma luta que envolve escolas, professores, famílias e por fim alunos. Parte de várias vidas são empenhadas nessa luta em busca da nota que irá escolher os seus destinos.

“Não deixes que a nota, ou média final, escolha por ti”. Uma frase recorrente no seio familiar para os estudantes do secundário. Ou, “tens que te esforçar mais, tens que trabalhar mais para conseguir melhor” ou “para ser o melhor”. Estará esta estratégia certa, caro leitor? Não sei, e talvez ninguém saiba.

Somos pais, e os nossos queridos filhos não vêm acompanhados de livro de instrução. Educamo-los na base da tentativa e erro. Com a orientação daquilo que nos foi transmitido e que vamos adaptando à nossa realidade. Nunca há certezas de nada. No entanto, seguindo as regras do jogo, usamos todos os trunfos que temos para que eles consigam lá chegar. Mas onde será esse – lá? Talvez existam várias respostas a esta questão, mas para mim, e sem dúvida alguma, o caminho da felicidade é o que mais importa.

A maioria da fornada courense de 2003 acaba de ser colocada no ensino superior e intermédio, espalharam-se por Portugal inteiro, do Norte ao Algarve, com uns desvios para as Ilhas. Coura dispersou-se pelo país. o “Anho Mau” chegou à capital no feminino. E que bela representação de Paredes de Coura na escola onde estudou Mário Centeno. A Cotaleira, mais cautelosa, rumou até a capital do distrito com a certeza de esta ter sido a escolha mais acertada para o destino que pretende alcançar. Venade, apesar do coração bem vermelhinho, rumou até ao Porto e levou também outros lugares, de Cossourado e da Vila. Mas não fica por aqui, caro leitor, os nossos jovens sonhadores courenses povoaram as grandes cidades do nosso país, e outras mais pequenas, mas não menos importante conforme o objectivo escolhido. Alguns foram “aos molhos e fé em Deus”, outros foram sozinhos em busca do leme que vão ter que agarrar com fé e convicção. Aveiro, Coimbra, Braga, Bragança, Castelo Branco, Guarda, Leiria, foram outros dos destinos escolhidos, mas há mais.

Todos eles procuram uma peça importante, ou não, para compor o puzzle de suas vidas. Mas sobretudo todos foram encaminhados pelos pais com a convicção de que lhes estão a proporcionar o melhor. Até à data dávamos-lhes o peixe para a boca, passamos-lhes agora para a mão uma cana assessorada para apreenderem a pescar o seu próprio peixe.

Do meu lado, caro leitor, Codeçal rumou até Rio Maior, para a Escola Superior de Desporto. E não, não é a terra do Rui Nabeiro como me fartei de ouvir dizer estes dias. Não é terra de café, mas é terra de salinas e de desporto. É a terra que vai acolher o meu filho, e situa-se no distrito de Santarém. O desporto está-lhe na alma e traz-lhe felicidade. Todos estes jovens courenses foram felizes nas suas escolhas. Mas o mais importante é serem felizes nos destinos que estas escolhas lhes proporcionarão.

Se estes percursos lhes vão trazer uma saída profissional garantida e válida?  Eu não sei.  Talvez ninguém saiba. O importante é que lhes traga felicidade, e convenhamos, caro leitor, um trabalhador feliz vale mais do que dois infelizes.

Caloiras e caloiros, e para todos os que decidiram esperar e voltar a tentar, ou os que pararam sentindo-se preparados para começar a pescar, a bola está agora nas vossas mãos ou pés, e o mais importante depende sobretudo de vocês. Aproveitem bem esta nova caminhada e sejam muito felizes.

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