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Dois anos passados

24 de Maio de 2022 | Helena Ramos Fernandes
Dois anos passados
Geral

Dois anos passados, após uma estranha entrada no meio século de uma vida normal e sem filtros, com altos e baixos, amores e desamores, muitos sonhos, alguns concretizados e outros nem começados. Dois anos passados após a entrada no meio século da minha vida. Uma história como muitas outras, organizada em capítulos, com diferentes vivências e várias personagens. Tantos capítulos, mas o mais importante é, sem qualquer sombra de dúvida, o que envolve a família. A família de sangue e a família que a vida nos foi presenteando de forma natural ao longo dos anos, os amigos. Um capítulo cujo ponto mais alto é indubitavelmente os filhos e cujo trecho, repleto de páginas e frases, se resume facilmente numa só palavra, integralmente contextualizada, a palavra amor. É verdade, caro leitor, que colhemos o que semeamos. E nesse capítulo, tudo o que se faz com amor ou por amor é-nos devolvido com tanta ou maior intensidade. Nem sempre de forma directa, mas essa retribuição acaba sempre por aparecer e nos tocar no coração.

No decorrer destes últimos dois anos a história de cada um de nós, caro leitor, foi escrita por duas mãos distintas. Pela nossa mão, e pela mão de um destino indesejado. Um destino incerto e descontrolado, provocado pela humanidade, pelo poder e sobretudo pelo dinheiro.

Uma pandemia que serviu em parte para comprovar o quão sensível é a humanidade nesse tipo de circunstância, e, por outro lado, o quão importante é a ciência quando se junta ao poder e ao dinheiro. Tudo o que aconteceu nestes últimos dois anos foi esclarecedor, para mim. E para si, caro leitor? ficou alguma dúvida por esclarecer?

Uma guerra que serviu em parte para comprovar que as uniões que supostamente servem para proteger os nossos direitos, afinal só servem quando o poder está unido. E que a vida humana, ao contrário do que se diz, afinal tem um valor. Um valor que parece depender directamente do dinheiro e do poder. Ou da vontade de um louco.

No decorrer destes últimos dois anos, passámos das contagens das mortes provocadas pela Covid-19 para a contagem das mortes provocadas pela mão do homem. Uma triste realidade, um facto deplorável. Contagens oficiais dizem que mais de seis milhões de pessoas morreram por Covid-19. Um número demasiado elevado. O número de mortes provocados pela invasão russa à Ucrânia não é tão elevado, mas o motivo dessas mortes é inaceitável. Tão inaceitável como se o SARS-CoV-2 tivesse sido fabricado pelo Homem e não pelo acaso.

Estes dois últimos capítulos foram escritos pela mão de um destino indesejado. Um destino em que o poder e o dinheiro detêm os papeis principais, juntamente com a ganância e a loucura.

Resta-nos a nós, caro leitor, saber usar a mão, direita ou esquerda, para escrever a nossa história presente e futura de forma a que todos estes acontecimentos não influenciam em demasia o seu final. E que este seja, na medida do possível, feliz e repleto de amor.

 

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