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Eles aí estão

15 de Setembro de 2015 | José Manuel Alves
Eles aí estão
Opinião

Eles aí estão, embora já cá estejam há muito tempo!… Claro que estou a referir-me aos políticos que, numa grande azáfama, andam em pré-campanha política, de terra em terra, tentando convencer, mais uma vez, os portugueses com as suas propostas e fazendo promessas que depois não cumprem.

Um velho político da nossa praça, ainda vivo, disse um dia que só os burros é que não aprendem. Esperamos que os portugueses não dêem ouvidos a promessas demagógicas e não façam jus à frase desse político, no dia 4 de Outubro. Melhor dizendo, que saibam separar o trigo do joio.

Neste momento de arrebanhar votos, os que estão no poder dizem que está tudo bem. Dizem que a economia está muito melhor, embora o poder de compra dos portugueses esteja cada vez pior. Dizem que os candidatos ao emprego estão a diminuir, mas não dizem que Portugal está a ser despovoado com uma emigração massiva, sobretudo para a Europa, só comparável aos anos sessenta do século passado. Basta isso, de facto, para diminuir o número de desempregados. Em suma, na sua óptica, está tudo bem, embora na saúde, as restrições sejam cada vez maiores e o acesso aos cuidados é cada vez mais difícil e moroso. Segundo um jornal diário, de 29 de Agosto passado, os cuidados intensivos estavam à beira da ruptura. Na educação, todos estão insatisfeitos: alunos, pais e professores, cujo ataque à classe não pára desde o tempo do governo anterior, com a tal ministra Maria, de má memória, que os seus sucessores têm seguido à risca. De acordo com alguns meios de comunicação social, ficaram fora do concurso de candidatos à docência, para o próximo ano lectivo, mais de 23 mil professores. Também se constata que os melhores professores do Ensino Público, estão a sair do sistema.

No sector laboral, os empresários têm, finalmente, a faca e o queijo e os trabalhadores têm, agora, empregos precários e, em muitos casos, são perseguidos e intimidados. O desemprego entre os jovens é cada vez maior e, para os ocupar o número de festivais de música disparou e não pára de crescer, numa tentativa de os “adormecer”.

Os idosos têm, cada vez, mais dificuldades económicas e o acesso aos lares começa a ser, em alguns casos, um privilégio dos mais abastados. A baixa reforma da maioria deles pr iva-os de algumas necessidades vitais, incluindo a alimentação e a compra de medicamentos indispensáveis à manutenção da sua qualidade de vida. Em algumas partes do país, as câmaras municipais estão a dar ajuda aos mais carenciados, para a compra de remédios. Já ouvi alguns testemunhos de idosos que os deixaram de comprar para poderem adquirir alimentos. Também foi notícia dos últimos dias que, o número de famílias endividadas, sem dinheiro para pagarem serviços essenciais: água, luz, gás e telecomunicações está a aumentar! Por outro lado, há meses, que muitos lesados do BES fazem protestos de rua, tendo o número aumentado, durante o mês de Agosto, com a chegada dos emigrantes. Todos eles ficaram sem as suas poupanças. Tal como aconteceu com o BPN, as instituições públicas responsáveis não agiram em conformidade. Neste momento, a febre de privatizar tudo que é público e dá lucro, está na ordem do dia. E porquê? Será que têm medo de perder as próximas eleições e não poderem fazer isso mais tarde?…

Nas Forças Armadas e de Segurança, os protestos aumentam, dia-a-dia, reivindicando-se, sobretudo, melhores condições de trabalho.

Este governo até feriados nacionais, civis e religiosos, usurpou aos portugueses. Cabe na cabeça de alguém que o Primeiro de Dezembro, um dia tão importante e comemorativo da nossa independência, em 1640, depois de 60 anos de domínio espanhol seja, pura e simplesmente, riscado do mapa? E que o dia 5 de Outubro, que celebra a libertação de 767 anos de prepotência de uma aristocracia monárquica, dominante, seja também posto de parte? E o Corpo de Deus e o Dia de Todos os Santos, não são dias de grande significado para a maioria dos cristãos portugueses? Imaginemos se fosse a esquerda no poder a abolir estes feriados… Seriam logo apelidados de anti-patriotas e de perseguição religiosa. O homem de Braga, de certeza, sairia da tumba, qual Drácula, para organizar novas “cruzadas” reaccionárias!…

Os partidos que têm passado pelo poder acusam-se mutuamente, dizendo que o outro é que provocou a crise. Se chegamos a este estado crítico, ela foi originada, ao longo do tempo, por quem lá esteve. O partido do governo acusa o seu antecessor, mas convém lembrar que foi um primeiro ministro do PSD que teve a infeliz ideia de fazer reuniões ministeriais numa fragata, em pleno alto mar! Este é apenas um pequeno exemplo da má aplicação dos dinheiros públicos. Mas houve muitas outras situações.

Nos últimos dias, após a libertação do ex-primeiro ministro, os meios de comunicação social não têm falado noutra coisa. Se ele cometeu crimes, deve ser julgado e responder por eles. Os seus adversários políticos não devem utilizar a situação como arma, na campanha eleitoral. Os portugueses não se devem deixar levar por esta espécie de guerrilha, numa altura em que devem estar atentos e vigilantes, a fim de terem a lucidez suficiente para fazerem a sua escolha nas próximas eleições.

Resta-nos fazer uma análise a tudo que foi mal feito, ou não se fez, nos últimos quatro anos e não devemos deixar-nos levar pelos “cantos de sereia” de alguns políticos. Como referi atrás, saibamos separar o trigo do joio.

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