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MINHOTOS DE PELE SALGADA

8 de Agosto de 2018 | Utilizador Independente
MINHOTOS DE PELE SALGADA
Cultura

 

 

A exposição fotográfica do vencedor da Bolsa Estação Imagem | Viana do Castelo 2017, “Minhotos de pele salgada”, de Leonel de Castro, inaugurou no dia 9 de Agosto, no Centro Cultural de Paredes de Coura, onde permanecerá até 17 de Setembro. Estará também disponível para venda o livro que foi lançado sobre este trabalho.

A exposição que consta de 30 fotografias, com um novo formato de apresentação em relação às anteriores exposições da Bolsa EI, é o resultado do projecto que Leonel de Castro levou a cabo ao longo de um ano, com os pescadores da região de Viana do Castelo.

 

“Mar minhoto. À região onde Portugal nasceu e de onde se expandiu para sul até onde a terra acaba, sempre com o Atlântico como vizinho, associamos mais o chão verdejante do que o mar alteroso, mas há muito que me intrigava a natureza das comunidades piscatórias da região. O que fazem, como vivem, o que sentem, o que as torna únicas num país cuja dimensão marítima é imensa e onde se pesca de Caminha a Vila Real de Santo António, nos Açores, na Madeira, até nos rios. Que parcela do ‘Mar Português’ é esta?

Desta selecção de imagens sobressai o factor humano, presente até em tudo o que é testemunho material. Os barcos, por exemplo, não só pela forma como são construídos, que também testemunhei em Darque, mas, por exemplo, pelo que levam de humano, de místico e temeroso nos nomes com que os baptizam, de um modo geral semelhantes aos que encontramos em tantas outras comunidades de pescadores e mareantes. Esta viagem também decorre em terra, mas é feita, sobretudo, a bordo do Deus Quer, do Rumo ao Destino, do Virgem de Fátima, do Esperança, do Invejado, do Mar e Rio, do Noé ou do Calvário da Vida, testemunhos do respeito que esta gente tem pelo mar, ao fim e ao cabo o fio condutor das vidas que levam, mas também da forma como se entregam à providência, seja em súplica ou em agradecimento.

Este é, pois, o retrato humanizado de uma parcela atlântica que nos dá robalos, congros, badejos, fanecas, gorazes, negrões, sapateiras, navalheiras, lavagantes, polvos. Vê-los no prato, lembrando os homens e as mulheres que o tornam possível, muda tudo. O sabor das iguarias é acentuado por um tempero que não se compra: o respeito.”

[Leonel de Castro, Março de 2018]

 

 

 

 

 

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