Que o digam os descobridores de quinhentos (mais ainda os bandeirantes, verdadeiros aventureiros que pela selva dentro entraram, sujeitos a todo o tipo de ameaças, somente para delimitar território) como foi a epopeia de chegar a um mundo desconhecido, na reinvenção de mapas e de terras dadas como achadas.
Colocando agora de lado a discussão do politicamente correto, se foi descoberta ou achamento, senti-me na aventura de entrar por mundos desconhecidos, quando cheguei a Bogotá, na Colômbia, depois de uma escala breve em Madrid.
Sim, da América Latina conheço sobejamente o Brasil e os restantes países faziam parte do sonho. Estive com um pé na Argentina e outro no Paraguai, quando visitei a Foz do Iguaçu, mas a oportunidade ainda não tinha chegado.
Desta vez, chegou mesmo e eis-me na Colômbia, para uma visita de dois dias, sendo que um deles foi passado em trabalho, fechado no hotel, situado numa das zonas mais procuradas para a realização de reuniões internacionais.
Surpreendeu-me, de facto, tenho de o confessar, a enorme quantidade de cães polícia, farejadores de droga, não fosse o país conhecido pela sua relação com a produção de droga, mesmo que seja o maior país produtor de café e também o maior exportador de flores.
Tanto no aeroporto como no trajeto de meia hora para o meu destino, mais rápido num domingo à tarde, fui observando o controlo policial e quando cheguei ao hotel tive de passar pelo nariz apurado de um cão, que não deixou de ser simpático, porque não podia ser de outro modo.
Na única manha livre que tive, meti-me num táxi e fui visitar o centro, mais concretamente a Praça Bolívar, situada no bairro da Candelária. Com olhares demorados, apesar da chuva que vinha da montanha, registei a enorme praça, saboreei os seus recantos e observei as pessoas, umas andando, outras olhando e vendendo a sobrevivência através de pequenos nadas que transportavam em suas pedintes mãos.
Junto à grande porta da catedral, um magote de pessoas, maioritariamente idosas, fazia uma fila ordeira e cansada, esperando pela sopa do dia, que Portugal já se chamou a sopa dos pobres. E da imensa e libertária praça fixei-me nesse ponto e tudo o resto deixou de existir, como a vida tivesse ficado suspensa.
Ainda andei pelas ruas cheias de pessoas, mas logo me cansei, ainda com a imagem da porta da catedral, e apressadamente voltei ao hotel, sendo novamente farejado pelo cão simpático, e depois parti para o aeroporto, onde me esperaria um longo processo burocrático.
Mas não, tudo foi simples e rápido e quando cheguei à porta de embarque ainda tinha duas horas de espera.
E com que pressa passam essas horas!
Pudera, é tempo de voltar!