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12 de Agosto de 2019 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Não se esgota, decerto, a leitura do livro “O Silêncio e a Voz dos Heróis de Paredes de Coura na I Guerra Mundial” no espaço desta crónica, pelo que este texto não é uma recensão, mas um registo de ideias respigadas após uma curiosa e atenta leitura.
Os autores – Henrique Rodrigues e Manuel Albino Penteado Neiva – depois de um prefácio de Vítor Paulo Pereira, para quem “lembrar é uma forma de amar”, escrevem, em separado duas partes: a primeira, mais generalista e com “elementos sobre os militares courenses” (pp. 85-96); a segunda, ao mesmo tempo generalista e específica, com destaque para os “combatentes do concelho de Paredes de Coura” (pp. 184-309).
Esta é, de facto, a parte mais notória para os courenses, com a identificação, um a um, dos 153 combatentes (um dos quais foi capelão), oriundos do concelho na I Grande Guerra, incluindo os de África (19), da Flandres (133) e do apoio naval (1).
Na parte final, é apresentada quer a distribuição dos combatentes por freguesias – sendo as quatro primeiras Paredes de Coura (18), Rubiães (13), Formariz (12) e Cunha e as três últimas Cossourado (4), Insalde (4), Linhares (3) e Agualonga (2) – quer o local onde estiveram como soldados, sendo dito que 30% foram feitos prisoneiros e 5,8% morreram, respetivamente, acima e um pouco abaixo da média nacional: 12,7% e 7,5.
Se 12,7% dos combatentes nacionais ficaram feridos, a percentagem para os de Coura não é apresentada na Tabela da pág. 309.
Identificados os números, sempre válidos para se conhecer a dimensão do empreendimento humano, é necessário lembrar os seus nomes, conhecer os seus pais, as suas mulheres, os seus irmãos e irmãos e toda a sua família, para que este sacrifício pessoal e familiar jamais seja esquecido.
Seria bom, para cada um de nós, vestir a farda destes combatentes, calçar as suas botas, pegar na sua espingarda, colocar o seu capacete, caminhar por África, viver numa trincheira, sentir o odor da morte, olhar para a vida com esperança e sofrer com valentia os horrores que jamais deveriam existir à face da terra.
Nove destes combatentes morreram, é certo, seis em França e três em Moçambique, sendo justo enunciar os seus nomes, para serem lidos, lenta e respeitosamente, em voz alta – Casimiro Amorim; Gaspar da Cunha; Evaristo Pereira; Abílio Rola; António de Sousa; Albano José de Castro; José Ribeiro; Amadeu José de Lima; António Pereira – que assim interromperam os seus jovens sonhos de vida, não podendo regressar à terra dos seus familiares.
Da leitura do livro sobressaem outros aspetos que o leitor poderá destacar, de acordo com a alma com que leia o texto, justo e merecido, sobre os homens valorosos que não podem cair no esquecimento.

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