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8 de Julho de 2020 | José Augusto Pacheco
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Opinião

Que espaço de tempo é este?

É uma pergunta generalista, que pode ser colocada em qualquer período de tempo, mas também é algo que pode retratar a particularidade deste tempo, a partir de março de 2020, ou seja, o tempo da pandemia Covid-19.

Muitas coisas mudaram, talvez para sempre – ou talvez não!

Somos pessoas que estamos enraizadas. E ficámos ainda mais com esta pandemia. Não perdemos a terra natal, não nos enfiámos num buraco e não deixámos de falar com os nossos familiares.

A comunicação digital substituiu a presença física e as pessoas falaram, mas não se abraçaram. Ou seja, começámos a sentir um certo desenraizamento, pois a normalidade dos dias, que acontecem nas suas particulares e comuns coisas, desapareceu por completo.

Ficámos presos aos nossos receios, alterámos usos e costumes, suspendemos o tempo para que as nossas vidas fossem salvas. Fomos expulsos da nossa normalidade. Fizeram-nos entrar num tempo sem afetos, sem palavras próximas e sem muita esperança.

Foi a primeira vez que esta geração, de novos e velhos, enfrentou uma pandemia, possivelmente a mais global de todas elas. Foi o verdadeiro mundo ao contrário aquele em que estivemos a viver estes meses, ou ainda estamos, já que a pandemia, em inícios de julho de 2020, ainda não foi vencida.

Neste tempo de ausências em que vivemos, a terra courense é um chão que alimenta através da seiva que rega diariamente as raízes que herdámos dos nossos pais e avós.

Sentimos o conforto do espaço, sentimos a energia positiva das pessoas que não desanimam e olhamos para o futuro com muita esperança e fé no sentido que estes dias vão ficar para trás e que o medo de viver sairá derrotado.

Como não pude viajar entre concelhos durante o estado de emergência, senti a ausência de Coura nos dias mais terríveis do confinamento, mas logo que uma porta se abriu, à medida que o número de infetados foi diminuindo a nível nacional, reconquistei a liberdade, a liberdade de viajar para Coura e a de poder estar em Coura, ainda mais enraizado pela proximidade afetiva das pessoas.

E é isso que a pandemia nos pode deixar como algo de positivo: a de seres humanos enraizados num espaço que confere essa identidade única, inesquecível e duradoura no tempo.

Somos Coura!

 

 

 

 

 

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