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RECORDANDO UM VULTO COURENSE DAS ARTES

26 de Fevereiro de 2020 | José Cunha
RECORDANDO UM VULTO COURENSE DAS ARTES
Geral

MESTRE ANTÓNIO LIMA, DESENHADOR E FOTÓGRAFO DE EXCEPÇÃO

Praticamente esquecido nos dias que correm, António Lima é um dos maiores vultos courenses do século vinte no mundo das artes. Lamentamos que, após a recente remodelação toponímica de que foi objecto o concelho, não tenha sido reservado um espaço para perpetuar este nome. Um esquecimento que abona pouco em favor do reconhecimento que devemos aos nossos maiores.

A última grande homenagem que Paredes de Coura fez a este filho da terra, patrocinada pelo município, teve a assinatura de Jofre de Lima Monteiro Alves e decorreu de 1 de Agosto a 31 de Outubro de 1999. Isto através de uma exposição da obra do autor que foi levada a cabo no Centro Cultural de Paredes de Coura. Com a prestimosa colaboração do filho do Mestre, João Paulo Abreu Lima, ele também um distinto desenhador, foi possível expor mais de 150 trabalhos de António Lima, entre os quais duzentos brasões, notável feito que atesta uma das grandes especialidades do courense – a heráldica. A este propósito, cumpre-nos agradecer a Jofre de Lima Monteiro Alves a cedência da imagem de António de Lima publicada nesta página.

António de Oliveira Lima nasceu na vila de Paredes de Coura, na Casa da Botica, a 16 de Março de 1891, sendo filho primogénito varão de Joaquim António de Lima (1862-1909), natural de Cossourado, comerciante, tesoureiro da Câmara Municipal, e de Ana Ermelinda Álvares de Oliveira Lima (1854-1928), da freguesia de Paredes de Coura. Tendo estudado em Braga e no Porto, cidade onde frequentou o curso de Arquitectura da Escola de Belas Artes e a Faculdade de Ciências. Mais tarde passaria por França, Bélgica, Hungria e Alemanha, percorrendo a Europa em visitas a museus, galerias de arte, oficinas gráficas, enfim, absorvendo uma vasta cultura e um conjunto de saberes que lhe haveriam de ser fundamentais na obra de viria a desenvolver.

Com oficina no Porto, na Rua de Cedofeita, mais tarde, em 1928, em Lisboa, cidade onde viria a falecer a 23 de Setembro de 1958, o Mestre desenvolveria uma obra sem paralelo no universo das Belas Artes do século vinte, quer pela qualidade quer pela quantidade. A sua importante produção abarcou as mais diversas facetas, tais como a fotografia amadora, desenhos de cartazes, capas e ilustrações de livros, publicidade, cartões para tapeçaria, desenhos à pena, desenhos para ex-libris, peças de ourivesaria, iluminuras, miniaturas sobre marfim, pergaminhos, selos e postais de correio. E também poesia, sendo de recomendar a notável obra que nos deixou. Entre as inúmeras exposições em que participou ou realizou, recordamos as do “Salão de Modernistas do Porto” (1916), Desenhos no Salão Silva Porto” (Porto, 1924), “1ª Exposição de Ex-:Libris” (Lisboa, 1927) e “Mostra Dell Ex-Libris Del Paesi Latini” (Roma, 1955).

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