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Retrato da freguesia em 1957

18 de Outubro de 2016 | Gorete Rodrigues
Retrato da freguesia em 1957
Rubiães

 

“Estamos na freguesia mais histórica do concelho. De momento atraiu-nos a atenção a sua igreja românica. Trata-se de um templo de uma só nave a que, num insensato restauro, se acrescentou a torre, de estilo puramente diferente e desconexo.

Esta igreja está arrolada nos monumentos nacionais, bem podendo considerar-se o mais valioso monumento de Coura.

O seu pórtico e a capela-mor são da primeira traça, podendo no mesmo pórtico ler-se uma inscrição em números romanos que a dá como construída no ano de 1295. Claro que esta data não garante com autenticidade a época da sua fundação, embora tudo leve a crer que ela seja realmente desse tempo.

Por uma fotografia publicada no livro do Dr. Narciso Alves da Cunha, vimos que uma das portas laterais se encontrava, ao tempo daquela publicação, fechada a pedra e cal, bem como as próprias juntas das pedras cheias de horrível argamassa. Felizmente que essa argamassa desapareceu e a dita porta foi aberta, desfigurando embora um pouco o restante estilo arquitectónico.

Mas, já que nos encontramos junto da igreja, por que não procurar no seu adro um dos famosos marcos miliários que nos disseram existir aqui?!

Não foi difícil encontrá-lo. Abandonado, desprezado mesmo, ali estava mais um padrão da milenar história do concelho.

Alguém afirma que este marco, bem como outros que existem em Rubiães, foi trazido de Cossourado para aqui. Não o cremos. Rubiães é uma freguesia muito antiga e os miliários indicam que a via romana de Braga a Astorga passava mesmo nestes lugares.

Também no lugar de Antas, desta freguesia, existem mais quatro marcos, que perfazem ao todo sete.

Relativamente a um que se diz existir em S. Martinho de Coura, não tomámos conhecimento de tal.

Vistos, pois, o marco miliário e a igreja, passemos à ponte romana. Trata-se de uma ponte de três arcos, cuja data de construção se pretende que remonte a 100 anos antes de Cristo. Por ela devia passar a já referida via romana, havendo quem argumente que pelo facto de estar situada próximo de ao lugar do Castro, talvez ali tivesse existido alguma fortificação para sua defesa. Sem tal podermos garantir, damos nota, apenas, da ponte, como obra dos romanos e, com justiça, considerada também monumento nacional.

Quanto à etimologia da palavra Rubiães, admite-se vir de Rui Vaz e que por modificação morfológica ou corrupção passaria para Rubiães.

Será assim? Não o sabemos. Se bem que já que falamos em etimologia, convém não deixar de focar também o que sabemos a respeito do nome de Antas. É neste lugar que se encontram quatro dos miliários que atrás referimos.

Sobre a etimologia de Antas, admite-se a possibilidade desta palavra derivar das antas que próximo deste lugar existem. Quanto a nós, discordamos em absoluto. De mais certo é que, tendo existido aqui o famoso Solar e Paço da família dos Antas, seja desses próprios Antas que veio o nome a este lugar.

Também no lugar de Antas, além do Paço que ainda ali existe, podemos visitar a capela de S. Bartolomeu, fundada em 1592 por Lopo de Antas. Nada possui de interesse, nem a capela nem os sacrófagos que também em Antas nos foi dado ver.

A Junta de Freguesia de Rubiães está constituída desde 1956 do seguinte modo: Presidente, Moisés de Castro; secretário, José de Brito Montenegro; tesoureiro, Manuel Soares.

Neste período curto da sua vigência, realizou já esta Junta o abastecimento de água aos lugares da Chã e Ajeito. Ao lugar da Chã, por intermédio de um fontanário-lavadouro-bebedouro, e ao lugar de Ajeito por intermédio de um fontanário-bebedouro.

Esta Junta tem ainda em curso o abastecimento de água ao lugar de Antas, diversos calcetamentos e reconstrução de vários fontanários dispersos pela freguesia.

Dentro do plano das necessidades, está em primeiro lugar uma escola no lugar da Costa, um fontanário junto da igreja paroquial e o calcetamento do caminho do Casco.” (“Cidades e Vilas de Portugal – Paredes de Coura”, J. Correia, Abril de 1957)

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