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Publicação quinzenal dedicada à informação local de Paredes de Coura. Aqui encontra notícias, reportagens, entrevistas e agenda cultural do concelho. Um espaço de proximidade que dá voz à comunidade courense.

Opinião

Quotidianos

10/04/20253 Minutos de Leitura
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E a terra de “Coyra” passou a pertencer ao “Bisconde” de Vila Nova de Cerveira.
Manuel José da Cunha Brandão afirma que a doação de Coura foi atribuída, em 1399, a
Fernão de Anes de Lima, tendo publicado no jornal “A Voz de Coura”, de 30 de maio de
1908, a respetiva carta de doação do senhorio.
Com efeito, trata-se de uma doação “para todo o sempre e para ele e para todos os seus
filhos e netos e descendentes por linha direita da nossa terra de Frayam e de Coyra e da
terra de Sam Martinho e de terra de Jeraz e de terra de Val de Vez com todos os seus
lugares e termos deles e julgados e territórios com todas suas herdades e casais e vendas
e direitos…”
Porém, Fernão de Anes de Lima é o pai de Leonel de Lima, 1º visconde de Vila Nova
de Cerveira, assaz documentado por Filipa da Silva Lopes, investigadora que se
doutorou em 2023, com uma tese sobre os Viscondes de Vila Nova de Cerveira (e
disponível online).
No estudo da problemática dos senhorios há a questão central dos concelhos, formados
a partir dos forais outorgados pelo poder régio.
Se, nas inquirições de 1258, Coura pertencia ao Julgado de “Frayão”, aquando da
formação do senhorio tutelado pelo 1º Visconde de Vila Nova de Cerveira, agregando
várias terras, quando começou, de facto, a sua autonomia face ao castelo de “Frayão”?
Com o abandono deste castelo, a separação de Coura verificou-se de forma lenta,
mesmo que nos documentos administrativos ainda fosse referida essa integração, que já
não fazia sentido algum, mormente após atribuição do foral tanto a Valença como a
Monção.
Mas essa integração ainda era formal, como é comprovado por documento da Torre do
Tombo, de 2 de março de1502, em que é solicitada a “legitimação de João Fernandes,
escudeiro, morador em terras de Coura do julgado de Frayão ou Fraião, a pedido de
seus pais, Fernando Afonso, Abade de Formariz, e de Branca Pires, sendo esta solteira
aquando do seu nascimento.”
A emancipação de Coura ocorre com o foral outorgado pelo rei D. Manuel I no dia 13
de abril de 1515, mesmo que continuasse a ser uma terra sujeita a vários direitos
senhoriais.
Que é com quem este documento régio que é formado o concelho de Coura é facto
assente, embora seja referida a atribuição de um foral, no século XII, a Paredes. Daí que
a esperança no foral velho seja uma ideia focada várias vezes, mesmo que não faça
sentido algum.
Dada a geografia dos forais, no quadro reconquista territorial quer aos muçulmanos,
quer a Castela e Aragão, Fernando Magno, rei de Leão, apoderou-se de muitos
territórios das Beiras, atribuindo-lhes “fueros” por serem zonas de fronteira. Significa
isto que o dito rei, entre 1057 e 1965, concedeu foral a Paredes, não de Coura, mas da
Beira (no atual município de S. João da Pesqueira), e confirmado sucessivamente por D.
Sancho I, D. Afonso II e D. Afonso III.
Resta, por isso, celebrar no dia 13 de abril de cada ano o nascimento do concelho de
Coura.

José Augusto Pacheco

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